O Brasil é um caso
atípico na área da previdência, comparado a outros 86 países da AL, América do
Norte, Europa e Ásia, o que justifica a reforma da Previdência, diz a Organização
Mundial do Trabalho – OIT.
Diz Fábio
Duran-Valverde, responsável pela unidade de Finanças Públicas e Estatísticas da
OIT, que pela Convenção 102 da OIT a idade de aposentadoria aos 65 anos “é
considerada satisfatória”. Mas reformas para elevar a idade devem estar
justificadas por condições de longevidade e serem aplicadas de forma gradual,
sem afetar abruptamente as expectativas das pessoas. Hoje, 68% das pessoas
idosas no mundo têm uma aposentadoria, mas o benefício é insuficiente, segundo o
estudo.
A OIT sinaliza que
pouco mais de 10% da população brasileira tem 60 anos ou mais. Porém, os gastos
do País com aposentadorias são idênticos aos de países com 25% de suas
populações nessa faixa de idade. E isso vai piorar, segundo a OIT, porque o Brasil
deverá passar por um processo de envelhecimento populacional duas vezes mais
rápido do que o experimentado por nações desenvolvidas.
Em apenas 25 anos a
percentagem da população com 60 anos ou mais deverá aumentar dos atuais 10%
para 20%. Em outros países isso irá acontecer dentro de 50 anos. “Todas as
evidências que a reforma da Previdência é necessária para manter o sistema
financeiramente sustentável”, diz estudo da OIT.
O “Monitor de
Proteção Social” da OIT registra 37 casos de países em que os governos tentam
ajustar seus regimes de aposentadoria para reduzir custos no longo prazo. Em
países como o Brasil, Índia, Bulgária, Noruega, Senegal, Vietnã, Nigéria e
Japão, os projetos de reforma priorizam ajustar a idade de aposentadoria ou os
requisitos de elegibilidade, observa a OIT. No Brasil, os que contribuem para a
Previdência Social alcançam 52,2% da força de trabalho. Já os beneficiários
representam 78,3% da população acima da idade legal de aposentadoria.
As despesas do Brasil
com proteção social de idosos alcançam 9,8% do PIB, incluindo unicamente os
gastos com aposentadorias e outros benefícios, sem levar em conta o que se gasta
com saúde.
Por sua vez, as
despesas com proteção social em geral representam 18,3% do PIB, superiores as
de Canadá, EUA, México, Chile e Uruguai. “O Brasil é um país com um sistema de
proteção social entre os mais avançados na América Latina, com indicadores
acima da média regional”, diz Fábio Duran-Valverde, responsável pela unidade de
Finanças Públicas e Estatísticas da OIT. Um desafio importante, segundo
Valverde, será equilibrar os custos para assegurar a sustentabilidade no longo
prazo.
A jornalista Cida
Damasco (Estadão) ressalta que na internet o que mais se vê são soluções
simplistas para a economia, tudo muito distante da realidade. E o que existe de
real, segundo ela, por exemplo, é que as contas do setor público estão fechando
no vermelho pelo quinto ano, com déficit primário estimado em R$ 140 bilhões. A
dívida pública já supera os 87% do PIB.
A Previdência
prossegue em um caminho perigoso, com um rombo previsto de R$ 290 bilhões em
2018 e R$ 308 bilhões no ano que vem, incluindo as contas do INSS e dos regimes
próprios.
VALOR ECONÔMICO