Empresas pequenas e médias fecham as portas sem
acesso a crédito.
Pedidos de falência
no setor de serviços quase dobraram em março, aponta Serasa.
As dificuldades já comuns às empresas menores foram
agravadas pelo prolongamento da
pandemia.
Para alguns setores, nem mesmo as flexibilizações das restrições
garantiram algum alívio para a geração de caixa.
O Pronampe (Programa Nacional de Apoio às
Microempresas e Empresas de Pequeno Porte) foi lançado o ano
passado pelo governo e tornado permanente em 2021.
Os bancos emprestam o
dinheiro, mas os recursos são garantidos pelo FGO (Fundo Garantidor de
Operações), que teve aumentada a participação da União.
Segundo dados da
Serasa, analisados pelo especialista em recuperação de crédito Max Mustrangi,
os pedidos de falência no setor de serviços chegaram
a quase dobrar em março deste ano na comparação com o mesmo período em 2020.
Em
abril, a variação ficou em 5% e, em fevereiro, 20,9%. Somente em janeiro, houve
queda de 50% ante o mesmo mês no ano passado.
Mustrangi diz que
os números do birô de crédito indicam um aumento na participação de empresas
médias no total das falências e pedidos de recuperação judicial.
De 18,1% no
primeiro quadrimestre de 2020, elas hoje respondem por 25,7% do total.
Para ele, o
resultado vem da ausência de esforço governamental para proteger os negócios
nesse período turbulento.
O cálculo de risco dos bancos, em situações de crise,
também foi para uma calibragem mais alta, o que acaba favorecendo quem,
contraditoriamente, precisa menos do dinheiro.
Somente no último
ano, empresas consolidadas no varejo pediram recuperação judicial, como TNG,
Cavalera e Le Postiche.
Segundo a Pnad
(Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua, do IBGE, o Brasil
perdeu, no primeiro trimestre deste ano, 489 mil empregadores formalizados em
relação ao mesmo período em 2020.
A redução percentual é de 13%.
Na avaliação do presidente do Simpi (Sindicato das Micro e
Pequenas Indústrias), Joseph Couri, os dados de falências e recuperação
judicial registrados pela Serasa e na Junta Comercial ainda não representam a
real situação das empresas, pois muitas estão sem condições até mesmo de
encerrar as atividades.
“A baixa da empresa é a última fase do fechamento.
Leva cinco,
seis meses até que o empresário consiga fazer isso. A menos que ele opte pela
via rápida, em que ele assume responsabilidades futuras e coloca seus bens como
garantia, mas nós desaconselhamos usar esse caminho.”
FOLHA DE SÃO PAULO