Empréstimos
a empresas cresceram 28,2% em março, mas caíram 11,4% para as famílias.
Grandes empresas se anteciparam e
tomaram linhas pré-aprovadas para fazer caixa.
Os
bancos emprestaram 28,2% a mais às empresas em março, enquanto as novas
concessões às famílias tiveram queda de 11,4%, segundo dados do Banco Central divulgados nesta terça-feira
(28).
Em razão da crise gerada pela pandemia do novo coronavírus, grandes
empresas se anteciparam e tomaram linhas pré-aprovadas para fazer caixa, o que
pode explicar a alta no mês passado.
De
acordo com dados semanais divulgados pela autoridade monetária, entre 16 e 20
de março, o volume de concessões para empresas, que vinha entre R$ 20 bilhões e
R$ 40 bilhões, aumentou para R$ 52 bilhões.
O ritmo se manteve na semana
seguinte (23 a 27 de março), com R$ 52,1 bilhões em novos financiamentos.
Nas duas semanas posteriores (30 de março e 10 de abril), as concessões
alcançaram patamares mais baixos, com R$ 34,2 bilhões e R$ 32,3 bilhões, o que
indica que a alta mais intensa se deu no início do avanço da pandemia no Brasil.
Para as famílias, não houve movimento atípico
nas concessões. Nas primeiras semanas do ano as concessões estavam entre R$ 10
bilhões e R$ 16 bilhões.
No período seguinte às restrições, os novos
empréstimos ficaram entre R$ 11 bilhões e R$ 14 bilhões por semana.
Em 16 de março, as medidas de restrição impostas
pelo governo para conter a propagação do vírus foram intensificadas.
Na ocasião, a autoridade
monetária liberou R$ 135 bilhões dos depósitos compulsórios dos bancos,
primeira medida de injeção de liquidez no sistema financeiro.
A Febraban
(Federação Brasileira de Bancos) afirmou
que os cinco maiores bancos do país liberaram R$ 266 bilhões em novos
empréstimos durante a pandemia, entre contratações, renovações e parcelas
suspensas, aumento de 22,2% em relação a março do ano passado.
A entidade, no
entanto, não informou quanto teria sido de linhas pré-aprovadas.
A taxa média de juros das operações contratadas
em março diminuiu 0,4 ponto percentual em março e 2,3 pontos percentuais em 12
meses, alcançando 22,7% ao ano.
“Parte desse recuo vem do aumento das
concessões em ACC, que, por terem uma boa garantia, têm taxas muito baixas, em
torno de 5% ao ano”, detalhou o técnico do BC.
O spread —diferença entre a taxa que os bancos
pagam para captar recursos e a taxa cobrada em empréstimos— caiu 0,6 ponto
percentual no mês e 0,8 ponto percentual nos últimos 12 meses.
FOLHA DE SÃO PAULO