Dólar fecha a R$ 5,26 e Bolsa cai quase 2% com
crise política e variante delta.
Real é a moeda que
mais se desvaloriza em julho até o momento.
O mercado
financeiro no Brasil passa por uma reviravolta neste início de julho.
CPI da Covid, reforma do Imposto de Renda, pressões
inflacionárias e aumento do risco global com disseminação da variante delta do coronavírus e
mudanças em políticas monetárias deixaram os ganhos do real e da Bolsa em junho
para trás.
O otimismo em torno
de dados econômicos melhores, que levaram o dólar a R$ 4,905 e a um recorde do
Ibovespa aos 130.776 pontos no mês passado, deram lugar à aversão a risco.
Julho já opera com o dólar tocando os R$ 5,31 no pregão e com o Ibovespa a 125
mil pontos.
Até o momento, o real é a moeda que mais se desvaloriza no
mês, depois de ser a segunda que mais ganhou valor ante o dólar em junho, atrás
apenas do dram armênio.
Segundo analistas,
a evolução da CPI tem elevado o risco político, o que acarreta um cenário mais
desafiador para a economia brasileira, já ameaçada pela alta nos preços da
conta de luz e dos combustíveis, elevando previsões para a inflação.
Nesta quinta-feira
(8), o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) informou que,
puxado pela energia elétrica, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) teve variação de 0,53% em junho, abaixo do esperado
pelo mercado.
Analistas consultados pela Bloomberg projetavam alta de 0,59%.
Mesmo com a
desaceleração em junho, o IPCA chegou a 8,35% no acumulado de 12 meses,
ampliando a distância em relação ao teto da meta de inflação perseguida pelo
Banco Central, de 5,25%.
O mercado espera
uma nova aceleração nos próximos meses dado os reajustes de combustíveis e
energia elétrica, devido à crise hídrica.
Ao fim do ano, a
expectativa é de desaceleração devido à queda dos preços das commodities e ao
fim do impacto da elevação do custo das tarifas, diz a equipe do Inter
Research, que espera um aumento de 0,75 ponto percentual na reunião de política
monetária do BC em agosto.
Caso a inflação
siga em alta, a autoridade pode subir ainda mais a Selic, o que tende a
beneficiar o real e prejudicar o mercado de renda variável, dado que a renda
fixa fica mais atrativa.
Já Rafael Ribeiro,
analista da Clear Corretora, vê um aumento nas apostas de uma alta de 1 ponto
percentual na Selic em agosto, ao passo que o mercado já precifica que a taxa
chegará em 7% ainda este ano.
Hoje, a Selic está a 4,25% ao ano.
Juros mais altos no
Brasil tendem a beneficiar o real por estratégias de carry trade. Elas
consistem na tomada de empréstimos em moeda de país de juro baixo (como o
dólar) e compra de contratos futuros da divisa de juro maior (como o real).
O
investidor, assim, ganha com a diferença de taxas.
Em sua oitava alta
seguida, o dólar subiu 0,34%, para R$ 5,2560, depois de ir a R$ 5,3140 na
máxima da sessão.
A moeda americana perdeu força após intervenção do Banco
Central.
FOLHA DE SÃO PAULO