COMITÊ DE POLÍTICA MONETÁRIA


Reunião do Copom desta semana é uma das mais esperadas da história, diz economista-chefe da XP.

Caio Megale aponta arcabouço fiscal e cenário internacional como focos de atenção.

O contexto em que acontecerá a reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) nesta semana reúne diversos ingredientes: além do alerta para a inflação, a incerteza no mercado de crédito brasileiro e o surgimento da turbulência bancária internacional, ainda reverbera a recente escalada retórica do presidente Lula contra o alto patamar dos juros e a expectativa pelo arcabouço fiscal.

Este parece ser um dos encontros mais aguardados na história do Banco Central, na opinião de Caio Megale, economista-chefe da XP Investimentos. 

Para Megale, a pressão que se viu nas falas de Lula contra os juros no mês passado parece ter diminuído. 

As atenções agora estão no arcabouço fiscal, que é outro ponto-chave para o Banco Central.

"Se vem um arcabouço fiscal que sinaliza de forma crível uma trajetória de estabilidade da dívida, ajuda a conter as pressões inflacionárias. Mas tem que fazer a conta de baixo para cima e ver se bate com o que vem de cima para baixo. 

E não está fácil", afirma.

Megale ainda não prevê impacto do tema sobre a reunião desta semana. 

"Me parece difícil em 2 ou 3 dias que esse quebra-cabeça venha de uma forma concreta, em um texto que o governo todo abrace, e a tempo de o BC considerar que é uma proposta com alta probabilidade de passar no Congresso", diz.

O noticiário da crise bancária no exterior é outro tema sensível, mas ainda não tem resposta clara de que se trata de um fator isolado ou um problema sistêmico, e o caso do Credit Suisse não tem a ver com o SVB, afirma ele.

"Tem economistas importantes falando que não se trata de credit crunch, que a inflação está alta e tem que continuar subindo os juros. 

O BCE (Banco Central Europeu), na dúvida, manteve a estratégia. 

É um campo super minado, porque, nesse momento, subir juros quando não deveria subir pode ter consequências muito ruins para a economia. E o contrário também. Então, os bancos centrais estão em uma encruzilhada", afirma.

Megale ressalva que o Brasil também tem uma crise de crédito para chamar de sua. "Essa não é uma crise internacional, que deprecia taxa de câmbio e afeta commodity. 

Essa é uma crise que pode pegar em cheio o crescimento econômico brasileiro. 

Não tem dúvida que ajuda no sentido de apertar as condições financeiras e ajudaria a não precisar subir tanto os juros ou a poder cair antes", afirma.



FOLHA DE SÃO PAULO
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