Os fundos de pensão Petros e Postalis, mais uma dezena de
institutos de previdência de municípios e Estados e o KDB, banco de
desenvolvimento da Coreia, pedem uma indenização de R$ 400 milhões para
Santander, Deutsche Bank, Banco Petra, Trendbank e Planner Corretora. A
acusação é de que todos eles deixaram de cumprir seus deveres de fiscalizar as
operações que circularam pelo Trendbank, um fundo de crédito que estava repleto
de empréstimos duvidosos com notas frias e que não foram pagos.
Os acusados partiram para o ataque. O Santander diz que os dois
fundos de pensão, junto com os outros cotistas, deram poderes ao Trendbank para
centralizar a guarda de documentos, o que teria levado às fraudes. O Santander
cita também o relatório da CPI dos Fundos de Pensão que concluiu que
administradores do Petros e Postalis teriam envolvimento com esquemas
fraudulentos no Trendbank. A controvérsia em torno do fundo de crédito do
Trendbank nasceu quando o fundo registrou inadimplência de 70%, em 2013. Um
fundo de crédito empresta dinheiro a empresas, tomando como garantia notas
fiscais de contas a receber. Na época, as operações duvidosas se tornaram
evidentes e se descobriu uma série de notas falsas na carteira do fundo.
Para se ter uma ideia do tamanho do problema, cerca de um quarto
das notas fiscais que garantiam empréstimos tinham origem nos negócios do Grupo
Rock, de Adir Assaf. O lobista tem em seu currículo três operações da Polícia
Federal. Ele é apontado como o maior lavador de dinheiro de organizações
criminosas que atuavam nos esquemas de corrupção da Petrobrás, Eletronuclear e
Delta. Para lavar dinheiro de corrupção, segundo as acusações do Ministério
Público, o lobista se utilizava justamente das empresas do Grupo Rock.
Entre as faturas que foram entregues pelo Rock ao fundo para tomar
R$ 100 milhões emprestado, estavam notas de empresas conhecidas, como a Andrade
Gutierrez, CCR, Galvão Engenharia, UTC, entre outras, que alegavam não ter
prestado serviços das notas referidas. O advogado do Trendbank, Flávio Galdino,
diz no processo movido pelos cotistas do fundo que seu cliente não tem culpa e
seria uma vítima. O que o colocaria nessa condição é o fato de o banqueiro,
dono do Trendbank, Adolpho Melo, ter R$ 80 milhões aplicados no fundo.
"Hoje é fácil perceber que muitas dessas empresas causam inúmeras
desconfianças por estarem ligadas à Operação Lava Jato, no período em que o
Trendbank atuou como gestor, eram bem-vistos os títulos envolvendo empresas
como a construtora Andrade Gutierrez."
Contratos respeitam legislação, diz CCR A CCR Nova Dutra admitiu
ao Trendbank ter feito negócios com a Rock Star, de Adir Assad, mas disse que,
quando as operações foram fechadas com o fundo, já não havia mais negócio em
andamento. Em nota, a CCR reitera que todos os seus contratos com fornecedores
são firmados "em conformidade com a legislação".
O Estado de S. Paulo