Se a torcida do
mercado bastar, o governo já pode contar como aprovada a reforma da
Previdência. Disso ninguém tem dúvidas e para reforçar essa certeza nada melhor
do que as palavras de uma executiva das mais vitoriosas: "O Brasil precisa
evoluir para ser competitivo, e isso inclui fazer as reformas da Previdência,
política e fiscal". A opinião é da vice-presidente de Vendas, Marketing e
Operações da Microsoft América Latina, Paula Bellizia, em entrevista exclusiva. Ela
foi presidente da Microsoft Brasil até esta semana e acabou de ser promovida a
VP da América Latina.
O projeto de reforma
da Previdência deve ser apresentado pelo governo entre os dias 19 e 21 deste
mês, ou quando o presidente Jair Bolsonaro estiver restabelecido, disse nesta
quinta-feira o secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho.
O secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida,
tentando passar confiança a uma plateia de empresários ontem, dizendo
durante um debate na Câmara Americana de Comércio (Amcham), que,
diferentemente do que ocorreu durante os anos da gestão de Michel Temer
(2016-2018), o governo tem hoje uma grande base de apoio para aprovar a
reforma: dos governadores, da Câmara e do Senado, do empresariado nacional,
além, claro, do mercado financeiro. “Praticamente todos os governadores
que assumiram há cerca de um mês destacaram, em seus discursos de posse, a
necessidade de ajuste fiscal e da reforma da Previdência”, disse o secretário.
Confiança que parece
existir: levantamento da Ancham entrevistou diretores e
presidentes de companhias brasileiras e multinacionais, durante evento
realizado ontem pela entidade sobre perspectivas para 2019. Para 60% deles, os
anúncios feitos até agora pela equipe econômica foram positivos e têm potencial
de melhorar a economia, gerar empregos e elevar a competitividade. Nesse
escopo, a prioridade é a mudança nas regras de aposentadoria, que, na avaliação
de 63% dos consultados, será aprovada pelo Congresso este ano, mas sem incluir
algumas categorias. Mesmo assim, a expectativa é que as alterações no sistema
previdenciário resultarão em ganhos fiscais para o governo. Entre os
empresários, 20% esperam que seja realizada "uma reforma estrutural e
ampla, que consiga abarcar todos os setores, incluindo militares e todos os
servidores públicos", até o fim do ano.
O GLOBO