Ministério da Economia defende reformas para
controlar inflação e instabilidade fiscal
Em
nota técnica, pasta diz que alta de preços em 2020 é limitada e não deteriora
expectativas de médio prazo
O Ministério da Economia avalia que a elevação nos preços observada em 2020 é
limitada e não piora projeções de médio prazo, mas defende as reformas e a
melhora das contas públicas para diminuir as taxas de inflação implícita e os
juros no longo prazo.
As observações estão em nota técnica divulgada
nesta segunda-feira (14) pela SPE (Secretaria de Política Econômica).
A pasta
parte da análise que o teto de gastos criado em 2016 proporcionou reduções
significativas da inflação implícita em títulos públicos, com valores nos
últimos anos alcançando as taxas mais baixas da série.
Apesar da melhora nas taxas cobradas por
investidores para emprestar ao país no curto prazo, taxas de títulos a prazos maiores continuam saindo a
juros mais altos diante de fatores como a incerteza com a
política fiscal.
"A continuidade das reformas e o
aprofundamento da consolidação fiscal fazem-se necessários para consolidar os
ganhos obtidos e promover melhoras nas taxas longas de inflação implícita e dos
juros reais", diz o texto.
Para a pasta, o bom funcionamento do regime de
metas de inflação demanda uma situação fiscal sob controle e que não comprometa
o objetivo do Banco Central de perseguir uma meta.
"A maior confiança de que a dívida pública é
sustentável dá suporte ao Regime de Metas da Inflação, tornando a política
monetária crível. Dessa forma, a consolidação fiscal aumenta a convicção nos
objetivos de longo prazo", afirma o texto.
"Os ganhos fiscais e monetários da
consolidação fiscal podem ser percebidos por meio da redução de incerteza,
maior previsibilidade dos agentes econômicos, menores prêmios de risco, baixos
juros neutros, aumento do investimento das empresas, redução no custo de
rolagem da dívida pública, maiores níveis de crescimento econômico e redução
das desigualdades de renda", diz a SPE.
Os comentários são feitos após o ministro da Economia, Paulo Guedes, ver o ano se
encerrar com as principais reformas de sua agenda travadas.
Ficaram
para 2020 a reforma tributária após divergências entre ele e o Legislativo e o
pacotaço com três propostas criadas por ele para conter despesas.
A reforma administrativa, que revê despesas com
servidores, também não deve ter nenhum avanço neste ano.
Nenhuma estatal de
controle direto da União foi vendida, conforme o próprio ministro comentou
recentemente.
A secretaria comentou ainda a elevação nos preços
observada em 2020, considerando o movimento pontual. "Segundo os
indicadores analisados, as expectativas indicam que a piora recente está
limitada temporalmente e não há transmissão da piora das expectativas para o
médio prazo", afirma a pasta.
O relatório semanal Focus, compilado pelo BC a
partir de previsões do mercado, mostrou nesta segunda-feira (14) que a expectativa para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao
Consumidor Amplo) em 2020 continua acelerando.
O indicador subiu de
4,21% há uma semana para 4,35% agora.
No entanto, a previsão para o IPCA continuou
estável em relação ao relatório anterior em 3,34% para 2021 e 3,5% para 2022.
FOLHA DE SÃO PAULO