BC mantém taxa de juros em
13,75% e não sinaliza corte, apesar de pressão
Decisão
veio em linha com a projeção consensual do mercado financeiro.
O Copom (Comitê de Política Monetária)
do Banco Central voltou a ignorar a pressão
do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de empresários pela
redução dos juros e manteve nesta quarta-feira (21) a taxa básica (Selic) em 13,75% ao ano, sem
sinalizar um corte à frente.
Em comunicado, a autoridade disse que o cenário
demanda "cautela e parcimônia" e disse ser necessário "paciência
e serenidade".
O
colegiado do BC, porém, suavizou levemente o comunicado ao descartar a mensagem
que falava sobre a possibilidade de voltar a elevar a Selic se o processo de
desinflação não transcorresse como esperado.
No encontro anterior, já havia
baixado o tom nesse ponto ao afirmar que um eventual aperto monetário seria um
cenário menos provável.
Sem
falar em queda de juros, o BC disse que a conjuntura atual é caracterizada por
um processo desinflacionário "que tende a ser mais lento" e por
expectativas de inflação ainda preocupantes.
Além disso, a autoridade monetária
defendeu seu plano de voo ao dizer que "a estratégia de manutenção da taxa
básica de juros por período prolongado tem se mostrado adequada para assegurar
a convergência da inflação".
Ao falar sobre os próximos movimentos, o Copom se limitou a
dizer que as decisões dependem de diferentes variáveis.
A sustentação da Selic no atual patamar, em decisão unânime,
veio em linha com a projeção consensual do mercado financeiro de que os juros
ficariam estáveis pela sétima vez consecutiva –a quarta desde o início da
gestão petista.
Levantamento feito pela Bloomberg mostrou que essa era a
expectativa unânime entre os analistas consultados.
Em
maio, o IPCA (índice oficial de inflação do Brasil) desacelerou para 0,23%,
segundo dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística).
No acumulado em 12 meses, ele recuou para 3,94% –a menor variação
para o mês desde 2020.
No
cenário de referência do Copom, as projeções de inflação para este ano
melhoraram, caindo de 5,8% para 5% e, para 2024, recuaram de 3,6% para 3,4%.
Apesar
de mencionar o recente arrefecimento da inflação ao consumidor e a perspectiva
de desaceleração da economia nos próximos trimestres, o Copom antevê "uma
elevação da inflação acumulada em 12 meses ao longo do segundo semestre".
FOLHA DE SÃO PAULO