Se minha carteira rende menos que a inflação em 2021, devo mudar?
Nos últimos 20 anos, quem investiu em ativos
que rendiam a Selic, ganhou em média mais de 5% acima do IPCA ao ano. Mas esta situação se
inverteu desde meados do ano passado.
O investidor brasileiro vai ter de se
acostumar com algo que o investidor internacional já está habituado há muitos
anos.
- Mas
o que os investidores deveriam fazer?
Se você tem apenas ativos referenciados ao CDI ou à taxa Selic,
conscientize-se que o “paraíso dos rentistas” acabou. Agora é necessário
diversificar.
Ainda assim, alguns se questionam se realmente fizeram bom negócio em
sair da Selic.
Um investidor que tivesse diversificado sua carteira entre as
nove classes de ativos estaria perdendo 0,9% neste ano, ponderando igualmente
todos os investimentos.
- Será
que vale a pena sair da Selic ou CDI, já que, apesar de perder da
inflação, pelo menos o ganho é positivo?
De forma geral, o problema não é a diversificação, mas a forma de análise. Não é
razoável analisar, no curto prazo, o desempenho de ativos que possuem horizonte
de longo prazo.
Mesmo os títulos referenciados ao IPC-A, podem perder da inflação no
curto prazo. Os títulos Tesouro IPC-A rendem uma taxa real de juros mais o
IPC-A.
Hoje eles rendem em média IPC-A + 3% ao ano. Entretanto, este retorno
acima do IPC-A só é garantido no horizonte de investimento que é, em média, de
sete anos para todos os títulos públicos emitidos.
O que justifica eles perderem do IPC-A no curto prazo é a marcação a
mercado. A taxa real acima do IPC-A flutua no mercado e esta flutuação acaba
sendo mais representativa no retorno no curto prazo.
A única forma de você ter garantido o retorno mensal acima do IPC-A é se
investir em CDBs referenciados ao IPC-A que são marcados na curva. Assim, eles
não sofrem com a variação diária do mercado.
No entanto, para ter ganhos de 3% acima do IPC-A, estes CDBs devem ter
prazo médio de pelo menos três anos.
E você não poderia resgatá-los até o
vencimento, ou teria perdas como os títulos marcados a mercado.
Portanto, se sua carteira está dividida em investimentos com horizonte
de médio prazo, por exemplo de três a cinco anos, este deve ser o prazo de
análise.
A alteração da carteira deve ter como justificativa a mudança da
expectativa sobre o cenário econômico futuro e seus reflexos nos investimentos
para frente e não o desempenho passado de curto prazo.
Se alterar sua carteira
baseando-se apenas no desempenho passado de curto prazo, corre o risco de
vender, quando deveria estar comprando, e de comprar, quando deveria estar
vendendo.
CASA DO INVESTIDOR