Brasil tem pior situação para rolar dívida, dizem
bancos.
IIF vê cenário
arriscado com vencimento de títulos e aumento de despesas.
O Brasil começou
2021 com a maior necessidade de refinanciamento de sua dívida pública entre
todos os países emergentes.
Com prazo bastante
encurtado em 2020, a dívida a ser rolada neste ano por meio da
emissão de novos papéis corresponde a18,5% do PIB, o maior nível da série
histórica doTesouro, iniciada em 2005.
O valor equivale a
cerca de R$ 1,4 trilhão, que precisará ser levantado com a venda de papéis no
mercado.
Segundo novo
relatório do IIF(Institute of International Finance), que reúne 450 bancos e
instituições financeiras em 40 países, a situação brasileira, na comparação com
os demais emergentes, é desafiadora.
“No geral, vemos o maior risco de
refinanciamento no Brasil”, diz o relatório do IIF, para quem o país “merece
atenção”.
O órgão considera
uma “combinação arriscada” o cenário difícil que o Brasil enfrenta para cortar gastos (elimitar
o aumento do endividamento) e o volume recorde de vencimentos da dívida neste
ano.
Em análises
recorrentes, o IIF sugere que pouquíssimos países conseguem reduzir
drasticamente gastos após um aumento significativo.
O órgão também
considera difícil o Brasil não ver-se obrigado, em razão do recrudescimento da
pandemia, a voltar a se endividar mais afim de retomar algum tipo de auxílio
emergencial aos mais pobres.
Desde o início do governo Bolsonaro,
em razão dos gastos maiores, sobretudo na pandemia, o prazo médio dos títulos emitidos pelo Tesouro caiu
significativamente, de 4,8 anos para 3,4 anos.
Já os vencimentos em 12 meses mais
que dobraram, de cerca de R$ 600 bilhões para quase R$ 1,4 trilhão. Em janeiro
de 2019, 15% da dívida pública vencia em 12 meses. Agora, são 27,6% —maior
nível desde 2007.
A sinalização de que o Banco Central
pode iniciar em breve um ciclo de aumento dos juros agrava o cenário —taxas
maiores significam crescimento maior da dívida.
Em razão do encurtamento de seu prazo
e do aumento do endividamento, cerca de 55% do total de vencimentos em 12 meses
serão afetados por um aumento nos juros.
FOLHA DE SÃO PAULO