Empresas
listadas na Bolsa atravessam a década reduzindo seus investimentos.
Levantamento da Economatica aponta retração
acentuada na renovação de estruturas e equipamentos.
O investimento voltado para a modernização e a
ampliação das estruturas de companhias listadas na Bolsa brasileira caiu drasticamente na última década, segundo
levantamento da Economatica, empresa provedora de dados financeiros.
Estudo que analisou 221 companhias de capital
aberto nos últimos dez anos mostra que o desembolso, considerando a inflação,
caiu de R$ 338 bilhões, em 2011, para R$ 272 bilhões em 2019, antes de a
pandemia provocar um mergulho mais profundo ainda, levando o investimento a R$
153 bilhões no ano passado.
O que mais preocupa nem é a cifra em si, mas o
efeito dessa redução e o que ele sinaliza.
Foram considerados os investimentos puros,
aqueles que a companhia faz em si mesma quando compra maquinário, veículos e
imóveis para sua modernização ou expansão —o chamado capex ou despesa com
capital.
A Economatica avaliou o valor central dessa
série histórica considerando quanto investimento seria necessário para evitar a
desvalorização do patrimônio dessas empresas (tecnicamente, extraiu a mediana
do investimento em relação à depreciação).
O resultado dessa relação entre capex e
depreciação é um índice —e quando ele fica abaixo de 100% significa que o
investimento não é suficiente para repor a perda de valor da empresa no tempo.
Na década, esse indicador registrou uma
retração 130 pontos percentuais.
PANDEMIA PIOROU
AMBIENTE E FREOU INVESTIMENTOS EM 2020
Com a pandemia de coronavírus, a relação do
indicador formado pela relação entre capex e depreciação foi ao seu pior nível
da década no ano passado. Ficou em 89,1%.
Considerando as 221 empresas do levantamento,
os setores que mais reduziram o investimento no último ano em relação a 2019
foram veículos e peças, agronegócio, telecomunicações, papel e celulose e
petróleo e gás.
Segundo a casa de análises Suno Research, o
elevado grau de incerteza fez com que as companhias adiassem os desembolsos e
preservassem seus caixas durante a crise.
FOLHA DE SÃO PAULO