Governo teme migração em massa de prefeituras para o INSS e rombo maior.
Ministério alerta que corte da alíquota em
desoneração pode agravar disparidade entre prefeituras com regimes próprios.
A disposição do Congresso em cortar a
alíquota de contribuição das prefeituras ao INSS (Instituto
Nacional do Seguro Social) acendeu um alerta dentro do governo Luiz
Inácio Lula da
Silva (PT)
para o risco de migração em massa de municípios que hoje mantêm regimes
próprios de Previdência.
Eventual transferência de servidores municipais
para o regime geral poderia aprofundar o
déficit do INSS, que em 2023 fechou em R$ 311,3 bilhões —ou R$ 283,6
bilhões, descontado o pagamento extraordinário de precatórios represados de
anos anteriores.
O temor existe porque o Congresso aprovou uma lei
que reduz de 20% para 8% a contribuição patronal dos municípios com até 156,2
mil habitantes.
A medida foi vetada por Lula, mas foi restabelecida pelos
parlamentares.
Na sequência, o governo editou
uma MP (medida provisória) para revogar o benefício, considerado
inconstitucional pela área jurídica do Executivo.
A iniciativa,
porém, enfrenta resistências de deputados e senadores e é ainda alvo de
negociações.
Só com as prefeituras que hoje já recolhem para o
INSS, o impacto é de R$ 4 bilhões ao
ano.
Mas a desoneração pode criar uma situação de elevada
disparidade com as 2.118 prefeituras que têm regimes próprios e são
responsáveis por mantê-los em equilíbrio.
Na avaliação do MPS (Ministério da Previdência
Social), o corte da alíquota do INSS para municípios poderia
intensificar a busca de prefeitos pela migração para o regime geral como forma de
obter um alívio de curto prazo sobre o caixa.
Esse movimento já
vinha ocorrendo no ano passado, em meio às
dificuldades financeiras dos municípios.
Embora no curto prazo a migração possa elevar
receitas do INSS, no futuro o rombo será maior com o pagamento de mais
aposentadorias.
FOLHA DE SÃO PAULO