João Paulo Pacífico resolveu ir na contramão da
maioria de seus pares da Faria Lima, centro financeiro de São Paulo, ao trocar
a clientela de gigantes do agronegócio pela do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
Engenheiro de formação e tendo trabalhado 13 anos no mercado financeiro,
ele é o fundador da Gaia, empresa que tinha a securitizadora Planeta, emissora
de títulos de dívida que atendia gigantes como Cyrella e Raizen.
↳ Em 2021, veio a primeira operação com o MST: a emissão de R$ 17,5 milhões em CRAs (Certificados de
Recebíveis Agrícolas) vinculados à produção de sete cooperativas de agricultura
familiar.
↳ No ano seguinte, Pacífico decidiu
vender sua participação na Planeta, que movimentava R$ 20 bilhões em operações, e doou "dezenas de milhões" que
recebeu pelo negócio.
↳ Ele passou, então, a focar apenas
em negócios de impacto, e pretende captar neste ano mais
R$ 50 milhões em CRAs para cooperativas ligadas ao MST.
- "É muito estranho um cara de olhos azuis,
brancão, da Faria Lima e que fala a linguagem do mercado elogiando o
MST", admite Pacífico em entrevista a Eliane Trindade.
- "Eu vejo a desigualdade na qual a gente
vive e vejo como o mercado financeiro funciona, o vício em dinheiro dessa
galera da Faria Lima", afirma o investidor, que também defende mais
impostos para os mais ricos.
FOLHA DE SÃO PAULO