Trabalhador formal está há três anos sem ganho salarial real, diz
pesquisa.
Pagamento escalonado de reajustes,
raro antes da pandemia, também ganha força.
A combinação
de desemprego elevado, atividade econômica morna
e disparada da inflação tornaram piores as condições para as negociações de reajuste
salarial em 2021.
No ano passado, os trabalhadores formais
completaram três anos sem ganho real, quando o aumento supera a inflação do
período anterior, segundo o boletim Salariômetro divulgado nesta quarta (26)
pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).
A variação mediana
em 2021 ficou negativa em 0,1% —nos dois anos anteriores, ficou em zero.
A
mediana é uma forma de cálculo adotada para evitar distorções com a inclusão de
valores muito altos ou muito baixos, o que ocorre no cálculo das médias, por
exemplo. Usa-se então o maior valor entre os menores, e o menor, entre os
maiores.
Para o coordenador
do Salariômetro, professor Hélio Zylberstajn, da Faculdade de Economia,
Administração e Contabilidade da USP, o resultado de 2021 poderia ter sido ainda pior diante das
condições da economia e do mercado de trabalho.
"Nos outros
anos, a inflação era mais baixa, mas em 2021 foi brutal. Levando isso em conta,
não foi tão ruim quanto poderia ter sido", diz.
Na média do ano
passado, somente 18,6% dos acordos e convenções fechados resultaram em aumentos
maiores do que a inflação dos 12 meses anteriores ao da data-base.
Em 2019, o
último ano do pré-pandemia, quase metade das negociações terminou com ganho
real para os trabalhadores.
Além dos
reajustes baixos, o Salariômetro também registrou um aumento nos acordos e
convenções que previram o pagamento escalonado dos índices de reajuste.
"Isso quase não aparecia antes da pandemia e salta em alguns momentos,
dependendo do número de categoriais que fecharam negociação.
O reajuste vem
pequeno e ainda é pago parcelado", diz
FOLHA DE SÃO PAULO