Proposta de reforma da Previdência deverá vir no final de setembro


O presidente Michel Temer vai mandar a reforma da Previdência para apreciação no Congresso no fim de setembro ou começo de outubro, no mais tardar. Apesar da disposição de encaminhar o projeto logo após a viagem à China, a tendência é de que acate o conselho de assessores, que avaliam que o calendário eleitoral prejudicaria a aprovação. "Muitos parlamentares são candidatos a prefeito e, caso a reforma seja enviada agora, terão que se posicionar antes das eleições. Isso poderá contaminar o debate, já que é um tema difícil e que encontra muita resistência", disse um técnico do governo.


Para aprovar as reformas constitucionais, o governo terá o desafio de convencer pelo menos 308 dos 513 deputados federais. Projeção feita pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) indica que Temer tem o apoio de 236 deputados. Essa composição engloba os parlamentares de partidos como PMDB, PSDB, DEM e PPS e 178 apoios de deputados de legendas que, para aprovar iniciativas impopulares, terão de receber compensações do Executivo. Nessa lista, constam siglas do Centrão, como PP, PSD e PTB, e agremiações menores.


Ontem, em pronunciamento à nação, o presidente Michel Temer afirmou que a reforma é necessária para garantir o pagamento das aposentadorias. "Sem reforma, em poucos anos o governo não terá como pagar os aposentados. Nosso objetivo é garantir um sistema de aposentadorias pagas em dia, sem calotes, sem truques. Um sistema que proteja os idosos, sem punir os mais jovens", disse.


Negociação

O deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS) disse que o presidente tem feito seminários internos no Congresso, jantares com deputados, além de formar uma equipe de multiplicadores de opinião para conscientizar da importância da medida.


O economista Sílvio Campos Neto, da Tendências consultoria, diz que está na conta do mercado a dificuldade do governo em aprovar reformas com a proximidade das eleições. "Mas o mercado está atento a qualquer sinal de retrocesso, de vacilo", alertou. Campos Neto acredita que antes do segundo turno a PEC do Teto dos Gastos tem que estar "na boca de aprovar" e a reforma da Previdência, delineada. "Deve estar pronto, pelo menos, um esboço."


O professor Helio Zylberstajn, da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo, concorda. Ele acredita que do ponto de vista prático não vai adiantar nada mandar a reforma imediatamente. "Existe um timing econômico e fiscal e um político. Sabemos que por causa das eleições o Congresso estará meio que paralisado", ponderou.


Para especialistas, o rombo da Previdência não dá para ser ignorado. O regime dos trabalhadores da iniciativa privada atingiu R$ 72,3 bilhões nos sete primeiros meses de 2016 e a estimativa é de que chegue a R$ 149 bilhões até o fim do ano. 

Correio Braziliense
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