SAÚDE MENTAL


A pandemia mudou sua personalidade? Possivelmente.

A Covid não apenas reformulou a maneira como trabalhamos e nos conectamos com os outros, mas também redesenhou nosso modo de ser, de acordo com o estudo.

Seja assistindo a palestras em escolas, causando primeiras impressões memoráveis no primeiro emprego no escritório ou enchendo a plateia em um show, muitos dos rituais sociais que eram ritos de passagem para os jovens foram interrompidos pela pandemia de coronavírus.

Isso deixou pessoas como Thuan Phung, um calouro da Escola de Design Parsons que mora em Hell's Kitchen, em Manhattan, sentindo-se "estranhas" sobre as interações na vida real. Após dois anos de estudos virtuais, ele está de volta à sala de aula.

"No Zoom, você pode se calar", disse Phung, 25. "Demorei um pouco para saber como falar com as pessoas."

Agora, um estudo recente da personalidade de pessoas sugere que o desconforto que ele está sentindo não é incomum em membros da sua geração, que as restrições pandêmicas forçaram a se isolar na casa dos 20 anos, uma época de ansiedade social para muitos.

A Covid não apenas reformulou a maneira como trabalhamos e nos conectamos com os outros, mas também redesenhou nosso modo de ser, de acordo com o estudo, que encontrou alguns dos efeitos mais pronunciados entre os jovens adultos.

Nossos principais traços de personalidade podem ter se atenuado, deixando-nos menos extrovertidos e criativos, não tão agradáveis e menos conscienciosos, segundo o estudo, publicado no mês passado na revista Plos One.

Esses declínios equivaleram a "cerca de uma década de mudança normativa de personalidade", disse o estudo. Pessoas com menos de 30 anos exibiam "maturidade interrompida". 

Essa mudança é o oposto de como a personalidade de um jovem adulto normalmente se desenvolve ao longo do tempo, escreveram os autores do estudo.

"Se essas mudanças forem duradouras, essa evidência sugere que eventos estressantes em toda a população podem alterar levemente a trajetória da personalidade, especialmente em jovens adultos", disse o estudo.

Os pesquisadores analisaram cinco dimensões da personalidade: neuroticismo, tolerância ao estresse e emoções negativas; abertura, definida como não convencionalidade e criatividade; extroversão, ou quão comunicativa é uma pessoa; amabilidade, ou ser "confiante e direto"; e conscienciosidade, quão responsável e organizada é a pessoa.

Gerald Clore, professor emérito de psicologia da Universidade da Virgínia, disse que os autores foram "apropriadamente cautelosos" em suas conclusões e enfatizaram a necessidade de mais estudos para reexaminar as descobertas.



THE NEW YORK TIMES
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