Ao relacionarem o
aperto na Previdência à elevação da poupança, economistas dizem que o exemplo
mais concreto da tendência é a China, onde a taxa de reservas subiu para
quase 50% do PIB após a reforma previdenciária, mesmo com renda média
semelhante à brasileira. A “mexida” nas aposentadorias também ampliou reservas
em países como Chile e Itália, argumentam especialistas.
A
China, ajuda a derrubar uma noção equivocada: a de que o brasileiro não
poupa porque ganha pouco. Hoje, a renda média de chineses e brasileiros ainda é
semelhante. “O que muita gente chama de reforma da Previdência, eu vejo como
uma mudança cultural”, diz Ricardo Brito, professor do Insper e autor de um estudo
que compara os dois países. “Na China, quem se aposenta consegue, com o
benefício público, um porcentual baixíssimo do que ganhava na ativa. Eles são
obrigados a guardar dinheiro para a velhice”, explica o professor do Insper.
Ao relacionarem o
aperto na Previdência à elevação da poupança, economistas dizem que o exemplo
mais concreto da tendência é a China, onde a taxa de reservas subiu para
quase 50% do PIB após a reforma previdenciária, mesmo com renda média semelhante
à brasileira. A “mexida” nas aposentadorias também ampliou reservas em países
como Chile e Itália, argumentam especialistas.
Como a “nova
Previdência” deve resultar no pagamento de benefícios menores, parte da
responsabilidade da renda após a aposentadoria será transferida ao cidadão –
incentivando reservas. “A correlação é simples: se antevejo o descasamento
entre minha renda e os desejos para o futuro, a poupança cresce”, afirma
Ricardo Brito, professor da escola de negócios Insper.
Poucos brasileiros
dizem estar dispostos a separar parte da renda para uma reserva extra para a
aposentadoria. Professor da USP, Hélio Zylberstajn, diz que a introdução do
modelo de capitalização – um dos pilares do projeto do governo para a
Previdência – poderá ajudar a mudar esse quadro. “Hoje, a ideia das pessoas é:
‘minha aposentadoria está lá, garantida’. Com a capitalização, a cabeça das
pessoas terá de funcionar de outra maneira. O desenho do sistema influencia na
disposição em poupar.”
“Quanto mais a
renda futura é garantida pelo Estado, menor o incentivo individual para poupar.
O que as crises fiscais em nível estadual mostraram é que a garantia do Estado
não é mais absoluta”, diz Mário Mesquita, economista-chefe do Itaú Unibanco. O
economista Simão Silber, da FEA-USP, lembra que o Brasil já gasta “mais que a
média da OCDE, o clube dos países ricos, com aposentadoria”.
O ESTADO DE SÃO PAULO