MEI representa 10% dos contribuintes da
Previdência, mas só 1% da arrecadação.
Pesquisadores
alertam para risco que expansão da modalidade traz ao financiamento das
aposentadorias.
Os MEIs (microempreendedores individuais) já
representam 10% dos contribuintes da Previdência Social no país, mas apenas 1%
da arrecadação do regime geral, num indicativo de que a ampliação do regime
tributário simplificado acabou fragilizando a base de arrecadação do INSS (Instituto Nacional do Seguro
Social).
A conclusão é
apresentada pelos pesquisadores Rogério Nagamine Costanzi, ex-subsecretário do
Regime Geral de Previdência Social, e Mário Magalhães, cientista social e
assessor do Departamento do RGPS no Ministério da Previdência Social, em artigo
publicado pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).
O dado é
considerado preocupante, sobretudo em um contexto de déficit na Previdência.
O
rombo do INSS chegou a R$ 261,3 bilhões no ano passado, o equivalente a 2,7% do
PIB (Produto Interno Bruto).
Quanto maior é esse desequilíbrio, maior é o
esforço que o governo precisa fazer para arrecadar outros tributos e gastar
menos com as demais políticas para conseguir manter as contas em trajetória
saudável.
Neste ano, por
exemplo, o ministro Fernando Haddad (Fazenda) prevê um déficit de R$ 107,6 bilhões, mas o rombo na
Previdência é estimado em R$ 261,4 bilhões —com tendência de alta, por causa do
novo reajuste do salário mínimo.
Além da erosão das
receitas da Previdência Social, a expansão acelerada do MEI não levou a
maiores índices de formalização.
Segundo os autores, houve uma migração de
pessoas que já eram contribuintes da Previdência em outras modalidades, como
trabalhador com carteira assinada ou contribuinte individual sem subsídio (que paga
alíquota de 11% ou 20%, dependendo da modalidade).
Os pesquisadores
defendem mudanças no regime para barrar a expansão acelerada desse tipo de
segurado, promover "correção de rumos" e minimizar prejuízos
"normalmente negligenciados pelos interesses eleitorais de curto
prazo".
O MEI foi criado no
fim de 2008 sob a bandeira de tirar empreendedores da informalidade.
O
principal atrativo do modelo é o acesso a benefícios como aposentadoria e
auxílio-doença mediante o recolhimento unificado de tributos federais,
estaduais e municipais, com alíquotas subsidiadas.
FOLHA DE SÃO PAULO