Sobra do Orçamento de 2020 libera folga de até R$
55 bilhões em 2021.
Valor
estimado pelo economista Felipe Salto pode ficar fora do teto de gastos, mas
ainda há divergências sobre o tema.
Valor Após aval do TCU (Tribunal de Contas da União), o governo
deve contar em 2021 com uma verba adicional entre R$ 45 bilhões e R$ 55
bilhões, que poderá ser usada na continuidade do enfrentamento à pandemia do coronavírus.
O montante diz respeito às sobras de recursos do
Orçamento de 2020, agora autorizadas para uso em 2021.
A estimativa foi
elaborada pelo diretor-executivo da IFI (Instituição Fiscal Independente,
ligada ao Senado), Felipe Salto, a pedido da Folha.
Para o enfrentamento da crise sanitária, o governo
liberou R$ 573,5 bilhões do início de 2020 até o dia 10 deste mês. Desse total,
o ano deve ser encerrado com uma sobra de até R$ 55 bilhões, que receberam
autorização, mas não foram efetivamente usados.
Na avaliação do economista, o uso desses recursos
no ano que vem não afetará o teto de gastos, regra que limita o crescimento das
despesas do governo à variação da inflação.
O tema, no entanto,
ainda gera divergências entre técnicos do governo e do TCU (Tribunal de Contas da União).
No início do mês, o TCU autorizou o governo federal
a usar recursos do Orçamento deste ano em 2021,
na forma de restos a pagar.
A decisão contrariou orientação anterior do
Ministério da Economia, que limitaria esse tipo de despesa que transborda de um
ano para o outro.
A disponibilidade desses recursos é importante para
o governo, porque com o encerramento da vigência do decreto de calamidade e do
chamado Orçamento de guerra, no fim deste mês, as
contas públicas terão de respeitar novamente as regras fiscais.
Isso significa que não haverá margem para ampliação de gastos
como foi feito em 2020.
Para o ano que vem, por exemplo, estão previstos apenas
R$ 96 bilhões para as chamadas despesas discricionárias, aquelas que o governo
tem mais liberdade para gastar, o que inclui custeio da máquina pública e
investimentos.
O valor é considerado baixo.
FOLHA DE SÃO PAULO