Petros
quer ter uma carteira de renda variável mais pulverizada, saindo das posições
de controle e mesmo de participações mais relevantes, seguindo assim pontos que
se assemelham à nova política de investimentos da Previ. Uma outra semelhança.
Uma outra semelhança será o ativismo em defesa de seus interesses, mesmo que
investidora minoritária.
Assim
como a Previ, a Petros deve intensificar a gestão ativa de seus
investimentos e ganhar mais liquidez para fazer frente ao pagamento de
benefícios, que este ano deve chegar aos R$ 5,4 bilhões.
O
principal plano da Petros, justo o que detém maior participação em empresas,
passa por um equacionamento para cobrir um déficit de R$ 27,7 bilhões, sendo
que os participantes ativos e os aposentados terão que fazer contribuições
adicionais nos próximos 18 anos. A Petros já vendeu em Bolsa 10,2% que possuía
da empresa de shoppings Iguatemi e levantou com isso R$ 567,7 milhões. Da mesma
forma, pretende vender outras participações. Só que, para obter mais recursos,
terá que vender fatias mais relevantes, como a BRF, onde o fundo detém
participação de 11,41%. E Itaúsa, onde é dono de 15,27% das ações
preferenciais. O Presidente da entidade, Walter Mendes (FOTO), esclarece,
porém, que não há um calendário estabelecido para essas vendas. Mesmo porque,
2018 será um ano provavelmente de muita volatilidade e o Conselho Deliberativo
terá que aprovar essas operações, que ocorrerão gradualmente.
“A ideia
não é reduzir participação em renda variável, mas torná-la mais flexível”,
resume Mendes, segundo quem uma venda provavelmente será seguida da compra de
outras ações”, disse ele. Embora a política de investimentos do plano BD para
2018 ainda não tenha sido divulgada, a ideia geral é que o PPSP tenha 20% do
patrimônio investido em renda variável, no lugar dos atuais 30%. Para fazer a
gestão externa de ações, a Petros selecionou 12 gestores. Hoje, são
responsáveis por gerir R$ 2,5 bilhões – 60% da carteira – e a tendência é
aumentar. “Há uma diversidade e especialização grande de gestores no mercado.
Temos porte suficiente para darmos um mandato expressivo, cobrando taxas de
administração baixas”, afirmou Mendes. A equipe interna cuida de R$ 1,5 bilhão
desses ativos. Por outro lado, a intenção de marcar os títulos públicos “na
curva” se mantém, mas ainda não foram concretizados.
Os FIPs,
nos quais os investimentos somam R$ 2,5 bilhões (incluindo fundos por cotas e
os imobiliários), no PPSP são problemáticos. “Estamos tentando sair dos
FIPs. Esse é o nosso grande objetivo, mas não é algo simples”, explica Mendes.
Para isso, uma das alternativas é vender as fatias no mercado secundário ou
encerrar esses fundos.
Para o
plano CD, que não tem os mesmos problemas de liquidez ou déficit, a ideia é
aumentar a fatia em renda variável, investimentos estruturados e crédito
privado, além de se adotar uma gestão mais ativa tanto em renda variável quando
fixa.
Até
setembro, o PPSP acumulou alta de 8,51%, acima da meta de 6,22%. No PP-2, o
ganho foi de 8,18%, sendo a meta de 6,10%. Mas, Mendes mostra-se cauteloso em
relação a 2017 e também quanto ao ano que vem. “Pode haver ajustes de ativos e
não posso dizer que não haverá déficit”, afirmou. Em 2018 a meta atuarial deve
cair para IPCA+ 5,7% - atualmente é de IPCA+ 5,85%, mas de toda forma alcançar
maiores rentabilidades também deverá ser algo mais difícil, considerando que a
Bolsa já subiu bastante e os juros estão caindo, lembra Mendes.
Valor