BC mantém juros em 13,75% e alerta para riscos
fiscais.
Comunicado repete
que altas podem ser retomadas se desinflação não ocorrer como esperado
O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central manteve o patamar dos juros
inalterado pela terceira reunião consecutiva nesta quarta-feira (7) e vai
encerrar 2022 com a taxa básica (Selic) em 13,75% ao ano.
Apesar da manutenção da taxa, o colegiado fez alertas para o risco fiscal —em
tom lido como mais duro por analistas.
No comunicado, o
Copom repetiu o aviso de que "não hesitará em retomar o ciclo de aumento
de juros caso o processo de desinflação não transcorra como esperado",
podendo ajustar seus passos futuros.
"A conjuntura,
particularmente incerta no âmbito fiscal, requer serenidade na avaliação dos
riscos.
O comitê acompanhará com especial atenção os desenvolvimentos futuros
da política fiscal e, em particular, seus efeitos nos preços de ativos e
expectativas de inflação, com potenciais impactos sobre a dinâmica da inflação
prospectiva", disse.
As turbulências
recentes no cenário fiscal relacionam-se, sobretudo, à PEC (proposta de emenda
à Constituição) da Transição, que prevê cerca de R$ 168 bilhões de despesas
para bancar promessas de campanha do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O texto
foi aprovado pelo plenário do Senado nesta quarta e segue agora para a Câmara,
onde precisará do aval de 308 deputados.
O impacto dos
gastos na inflação e nas contas públicas, assim como a indefinição quanto ao
novo arcabouço fiscal, geram temor entre analistas e investidores.
A decisão do Copom
veio em linha com a projeção consensual do mercado financeiro de que a Selic
continuaria estável em 13,75%. Levantamento feito pela Bloomberg mostrou que
essa era a expectativa unânime entre os economistas consultados.
Frente às despesas
adicionais do governo, os analistas têm revisado suas estimativas de inflação.
Segundo o Focus, a projeção do mercado para o IPCA (Índice Nacional de Preços
ao Consumidor Amplo) subiu para 5,92% em 2022.
Em 12 meses,
o IPCA acumulou alta de 6,47% até outubro,
segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Para
este ano, há consenso de que a inflação deve estourar a meta fixada pelo CMN
(Conselho Monetário Nacional) em 3,5% —com flexibilidade de 1,5 ponto
percentual para mais ou para menos.
Para 2023, as expectativas atingiram 5,08% e já
se encontram acima do máximo permitido no intervalo de tolerância (4,75%).
A
previsão para 2024 se mantém estável em 3,5% –acima do centro da meta (3%).
FOLHA DE SÃO PAULO