A
Câmara deu um importante passo nesta quinta (6) para
avançar com uma discussão travada há mais de 30 anos e mudar um
sistema criado na década de 1960.
O texto-base da PEC da Reforma Tributária foi aprovado em
primeiro turno por 382 deputados –eram necessários 308. Foram 18 votos
contrários e 3 abstenções. Veja aqui como cada deputado votou.
- Após a
apreciação dos destaques, o texto será votado em segundo turno na Câmara.
Depois disso, a proposta vai ao Senado.
Cinco
pontos para entender o principal do texto aprovado na
Câmara:
1 - O que: a proposta prevê a fusão de PIS, Cofins e IPI (tributos
federais), ICMS (estadual) e ISS (municipal) em um IVA. O Imposto sobre Valor
Agregado é usado em 174 países e mostramos aqui como ele funciona.
- Uma parte
dele será administrada pelo governo, com o CBS (Contribuição sobre Bens e
Serviços), e a outra, por estados e municípios pelo IBS (Imposto sobre
Bens e Serviços).
- Também
será criado um imposto seletivo sobre bens e serviços considerados
prejudiciais à saúde (como cigarros e álcool) ou ao meio ambiente.
2
- Quando: começa em 2026 a implementação, com alíquota
teste de 0,9% para a CBS e de 0,1% para o IBS. No ano seguinte, saem PIS e
Cofins para dar lugar ao CBS.
- A
transição para o IBS será mais demorada, e os impostos estaduais e
municipais só deixarão de existir em 2033.
3
- Qual a alíquota: não está na PEC. Apesar da cobrança padrão
ser estimada em 25%, as alíquotas de cada tributo serão definidas depois, em
lei complementar –que depende de menos votos–, pois vão depender de cálculos
feitos em conjunto com o Ministério da Fazenda.
Nesse caso aparecem outras exceções: alíquota reduzida (equivalente a 40% do valor cheio) para
alguns bens e serviços, como serviços de saúde, educação, transporte
coletivo, produtos e insumos agropecuários, medicamentos, dispositivos médicos
e produções artísticas, culturais e jornalísticas.
4 - O que muda: a reforma prevê que a atual carga tributária sobre
o consumo não irá aumentar. Mas será um jogo de perde e ganha, alguns terão
redução, outros, aumento.
- Cálculo
do Ipea mostra que apenas os 10% mais ricos vão pagar mais, enquanto os
outros 90% terão carga menor.
- Tributação
de combustíveis, streaming, cashback… Reunimos aqui como a Reforma Tributária pode
afetar diversos setores e serviços.
5
- O que ainda falta definir: a
regulamentação de tudo o que está sendo aprovado (alíquotas, o que entra na
cesta básica, no imposto seletivo…) ficará para 2024.
FOLHA DE SÃO PAULO