MERCADO SEGURADOR


Tragédia no RS ressalta a urgência em educação de seguros e mitigação de riscos

Dos 11,4 mil avisos de sinistros em residência, estimados em R$ 240 milhões, cerca de 90% não serão pagos pois a cobertura de alagamento não foi contratada

 A aposta dos principais porta vozes entrevistados é que a tragédia do Sul será um divisor de águas no que diz respeito a educação sobre o tema. 

Dos 11,4 mil avisos de sinistros em residência divulgados pela CNseg, a confederação das seguradoras, estimados em R$ 240 milhões, cerca de 90% não serão pagos pois a cobertura de alagamento não foi contratada. 

“A maioria das apólices de residências não tem cobertura para alagamento. Quando contratam, são coberturas como vazamentos de tubulações”, explica um corretor.

Em empresas, a situação também mostra a falta de cultura de seguro. 

A Sedec (Secretaria de Desenvolvimento Econômico) do Rio Grande do Sul informou que 85% das 15,2 mil empresas que preencheram um formulário de dados não tinham seguro. 

Preenchido pelas empresas entre 15 e 29 de maio, o documento da Sedec servirá para o governo orientar empresários sobre linhas de crédito. 

As pequenas empresas foram as mais afetadas. Cerca de 36,5% das que preencheram o formulário são microempresas. 

Outras 26% são MEI (Microempreendedores Individuais) e 23% são companhias de pequeno porte.

Um avaliador de riscos fez um resumo das trocas de mensagens que teve com colegas de profissão. “Conversei com algumas reguladoras, que nos informaram que destes sinistros avisados na carteira residencial, a maioria esmagadora não tem cobertura, mas as companhias abriram o processo, para que as reguladoras possam dar as más notícias aos segurados aos poucos”.

Já o seguro de riscos de engenharia, em sua grande maioria, cobre o alagamento. “Transporte, garantias e fianças também serão afetados, pois boa parte conta com cobertura para riscos da natureza. 

O seguro de lucro cessante também está na pauta dos debates das consequências da tragédia do Sul. Até mesmo empresas que não foram afetadas pelas águas, não tem como receber suprimentos e desovar a produção.

Num momento como este, todos questionam de quem é a culpa. Afinal, todos sabiam dos riscos de alagamento, inundação e enchente no Sul. 

Segundo a Confederação Nacional dos Municípios (CNM), entre 2013 e 2023, os prejuízos econômicos causados por enchentes nos três Estados do Sul chegaram a R$ 19,5 bilhões. 

No ciclone de julho foram registrados 3.100 sinistros atendidos pelas seguradoras, sobretudo em SC e RS, segundo dados da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg).



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