Relatora de anteprojeto sobre IA diz que 2024 pode
ser decisivo para medir impacto eleitoral.
Laura Schertel
Mendes afirma que inteligência artificial e fake news exigem marcos
regulatórios distintos.
Presidente da
Comissão de Direito Digital da OAB e relatora do anteprojeto em discussão no Senado Federal para
regulamentação da inteligência artificial, Laura Schertel Mendes afirma que o
ano de 2024 pode ser decisivo para medir o impacto da IA em eleições dentro
e fora do Brasil.
Professora do IDP
(Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa) e da UnB
(Universidade de Brasília), Schertel foi relatora da Comissão de Juristas
criada pelo Senado para a regulação da inteligência artificial. O texto final deu origem ao projeto de lei apresentado
pelo presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
A chamada
inteligência artificial generativa, que produz textos, áudios e vídeos de forma
artificial, com base em dados disponíveis e de difícil identificação, ajudou a
aumentar a desinformação em torno da tragédia no Rio Grande do Sul ao produzir
imagens como a de um helicóptero das lojas Havan resgatando pessoas em
uma área alagada. Em reação, a figura de um helicóptero do MST, igualmente
artificial, também começou a circular nas redes.
Apesar de tanto a
inteligência artificial como a produção de fake news estarem conectadas pela
possibilidade de desinformação, Schertel afirma que os temas exigem discussão e
arcabouços distintos.
"São dois temas igualmente complexos e igualmente estruturantes. Ambos
exigem mudanças de paradigma e têm conexões, mas são diferentes na essência.
São dois grandes arcabouços. E talvez os dois grandes arcabouços normativos do
século 21."
FOLHA DE SÃO PAULO