DAY TRADERS


Livro usa estatística para explicar por que macacos investem melhor que day traders.

'Trader ou Investidor?' mostra como vieses de comportamento se relacionam com o bolso e como fazer para se livrar deles.

Quando um bando de macacos invadir sua casa, te amarrar numa cadeira de escritório e assumir o controle de suas finanças, não estranhe se seus investimentos começarem a dar certo.

Essa é uma das ideias centrais de "Trader ou Investidor?", dos economistas Bruno Giovannetti e Fernando Chague, professores da FGV (Fundação Getulio Vargas).

Pelo título, pode parecer que não tenha muito a ver com símios. Mas não é bem assim.

Com rigor acadêmico e didatismo, o livro lançado pela editora Intrínseca em outubro é um compilado de referências sobre economia comportamental, finanças e estatística.

Também funciona como um manual para iniciantes que só enxergam armadilhas no mercado de ações —e elas de fato existem, só que o problema tem mais a ver com você do que com as regras do jogo, explicam os autores.

O livro é dividido em duas partes. A primeira explica a natureza do trader, definido como alguém que opera ativamente na Bolsa e a vê como fonte de renda no curto prazo. 

Isso inclui, por exemplo, os day traders, voltados às operações intradia. Já o foco da segunda é o investidor, tido como um agente mais racional e que aposta no longo prazo.

Giovannetti e Chague mostram, por meio de uma série de artigos de acadêmicos renomados, que, se os investidores da Bolsa escolhessem aleatoriamente que ações comprar, seus rendimentos seriam, na média, maiores que se as escolhessem a dedo.

O exemplo anedótico dos macacos, que operariam de forma aleatória e irracional, se encaixa porque a Bolsa, quando combinada com os vieses comportamentais dos seres humanos, nada mais é do que uma prova de vestibular cheia de pegadinhas.

Os autores explicam que o trader médio sofre de excesso de confiança, gosta de adrenalina e detesta admitir que errou. Também prefere investir em empresas de que já ouviu falar e aposta em outras como se estivesse em Las Vegas.

"Em períodos de Bolsa em alta, é fácil achar que você sabe escolher ações. Em períodos de Bolsa em baixa, é fácil culpar a economia pelo seu mau resultado. 

O fato de seu desempenho real estar sempre poluído pelos movimentos sistemáticos do mercado é um prato cheio para o autoengano", escrevem os autores.

Embora "prato cheio para o autoengano" sirva para outras esferas da vida, como relacionamentos, é melhor evitá-lo quando se trata de dinheiro.

A ideia do livro, então, é justamente mostrar que esses erros estão ao alcance de todos que buscam investir no mercado de ações. 

Que não é necessário comprar cursos online suspeitos para estar sujeito aos próprios golpes da mente humana.



FOLHA DE SÃO PAULO
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