Bancos terão que incluir mudança climática em
gerenciamento de riscos até julho de 2022.
BC
passa a exigir que instituições financeiras incorporem potenciais perdas com
eventos climáticos.
O BC (Banco Central) publicou, nesta quarta-feira
(15), uma série de medidas ESG (sigla em inglês para boas práticas ambientais,
sociais e de governança) para instituições financeiras.
Uma
delas obriga a inclusão de mudanças climáticas no gerenciamento de
riscos dos bancos a partir de julho de 2022.
Com a mudança, o BC passa a exigir que os bancos
incorporem potenciais perdas com choques climáticos no cálculo de riscos, que
impacta, por exemplo, análises para concessão de crédito.
O documento cita condições climáticas extremas,
incluindo seca, inundação, enchente, tempestade, ciclone, geada e incêndio
florestal.
Além disso, o BC elenca alterações ambientais permanentes, como
aumento do nível do mar, escassez de recursos naturais, desertificação e
mudança em padrão pluvial ou de temperatura.
Os bancos devem monitorar os eventos ambientais e
criar iniciativas de prevenção, incluindo essas questões em testes de estresse
–quando é simulado o pior cenário econômico e como o sistema financeiro se
comportaria.
As medidas
geram efeitos práticos dentro do balanço financeiro dos bancos. Resultados
ruins nos testes de estresse, por exemplo, vão requerer mais capital para fazer
frente aos riscos.
As
instituições financeiras já tinham que incluir questões sociais e ambientais no
cálculo de riscos, mas não havia a obrigação de mensurar mudanças climáticas
especificamente.
O tema sustentabilidade foi incluído na agenda
institucional do BC em setembro do ano passado, após pressão de investidores e
empresas por uma retomada econômica mais sensível às causas ambientais.
Em
outubro, Campos Neto admitiu que risco climático faz com que o
Brasil receba menos recursos de estrangeiros.
Entre as medidas também está a criação do Bureau de
Crédito Rural Sustentável, que cria critérios sociais, ambientais e climáticos
na concessão de financiamentos ao setor agrícola a partir de dezembro de 2022,
e medidas de incentivo à implementação desses critérios.
FOLHA DE SÃO PAULO