A “Folha de S. Paulo” publicou reportagem no último dia 2 julho
comprovando o que os gestores da previdência complementar vêm dizendo há
tempos: o brasileiro não pensa no futuro. O alerta soa alto quando uma pesquisa
do Banco Mundial revela que apenas 6% dos brasileiros com idade entre 15 e 24
anos guardaram algum dinheiro em 2017 pensando na velhice. Considerando-se
todas as faixas etárias, o índice sobre para 11%, o que põe o Brasil na 101ª
posição entre 144 países no quesito poupança individual, atrás de nações mais
pobres, como Filipinas (26%), Bolívia (20%) e Mali (16%), e abaixo da média dos
países em desenvolvimento (16%). O Banco Mundial ouviu 150 mil pessoas, mil das
quais no Brasil.
A taxa de poupança brasileira subiu 4% em relação à
sondagem anterior, feita em 2014, elevação que não muda nossa face de maus
poupadores. Segundo a “Folha de S. Paulo”, a própria crise econômica pode ser a
responsável pelo pequeno crescimento da poupança. “Se o emprego está em risco
ou há muita incerteza sobre o futuro, aumenta a chamada poupança
precaucionaria”, disse ao jornal o professor do Insper Ricardo Brito.
“A poupança para a velhice continua
perturbadoramente baixa no Brasil, principalmente levando em conta o nível de
desenvolvimento econômico e financeiro do país”, afirmou Leora Klapper,
economista sênior do Banco Mundial. O especialista em previdência José Roberto
Affonso, professor do IDP e pesquisador do Ibre/FGV, advertiu que “na era
digital, parcela crescente dos que trabalham hoje não terá emprego com carteira
assinada e previdência social”.
Affonso baseia-se em outra pesquisa do Banco
Central, esta publicada em janeiro último, pela qual só 1,9% da população
brasileira investe em previdência privada.
Uma terceira pesquisa, encomendada pela FenaPrevi
(Federação Nacional de Previdência Privada e Vida) ao Instituto Ipsos,
realizada perante 1.200 pessoas de 16 a 60 anos em 72 municípios brasileiros,
durante o último mês de abril, verificou que metade dos brasileiros pretende se
aposentar até os 64 anos, mas 48% deles não têm ideia de qual será o valor da
aposentadoria a receber.
Na esfera das entidades fechadas de previdência
complementar, a percepção de que o brasileiro não tem o perfil do poupador tem
gerado iniciativas no sentido da educação previdenciária e financeira. Desde
2008, os fundos de pensão têm sido incentivados pelos órgãos reguladores a desenvolverem
programas educativos para que seu público compreenda os planos de benefícios e
tome decisões conscientes ao longo da vida.
Bom
exemplo é o da OABPrev-SP. O fundo da advocacia criou junto com a Icatu Seguros
(que gere os investimentos do fundo dos advogados) e a Fundação Getúlio Vargas
uma série de cursos online gratuitos que ensinam como organizar a vida
financeira de modo simples e didático.
OABPREV-SP