Setor segurador tem papel fundamental para
enfrentamento das mudanças climáticas.
Ao participar do
painel “Finanças Climáticas”, do seminário “Rumos 2025 (O Brasil que teremos e
o Brasil que queremos)”, organizado pelo jornal Valor nesta segunda-feira, o
presidente da CNseg, Dyogo Oliveira, apresentou um diagnóstico sobre saídas
possíveis para conter a crise ambiental e como financiá-la a partir das
soluções do mercado segurador.
Dyogo Oliveira
assinalou que os impactos e severidade dos eventos climáticos são cada vez
maiores, ao passo que o gap de proteção permanece elevado, mundialmente.
Lembrando que o mercado segurador brasileiro acompanha a evolução das mudanças
climáticas desde a década de 70 – “não por altruísmo, mas sim por preocupação
com seus impactos financeiros” em sua cadeia de valor – o presidente da CNseg
destacou que, no prazo dos últimos 10 anos, as perdas geradas por eventos
climáticos (enchentes, secas, geadas, vendavais etc.) superaram, em nove anos,
a casa dos US$ 300 bilhões anuais em perdas econômicas no mundo, cabendo ao
mercado segurador global responder por 40% desse total.
Só no ano passado,
os prejuízos alcançaram US$ 368 bilhões no mundo. Nos últimos 10 anos, as
perdas econômicas permanecem 14% acima da média histórica, o que confirma que
os eventos climáticos estão não só mais frequentes quanto também mais severos
em seus impactos.
Só as enchentes do
Rio Grande do Sul de 2024 geraram perdas econômicas de mais de R$ 100 bilhões,
das quais R$ 6 bilhões indenizados pelas seguradoras.
“Gostaríamos de ser mais
acionados porque a sociedade estaria mais protegida”, afirmou ele, chamando a
atenção para o enorme gap de proteção.
Nos últimos 10 anos, perdas causadas por
incidentes climáticos no país somam R$ 320 bilhões, 90% afetando atividades
agrícolas.
São eventos que, ao contrário das enchentes nas cidades, passam meio
despercebidos pela mídia, como secas, geadas prolongadas, mas causam perdas
onerosas.
“A falta de aderência aos seguros ainda é nosso problema mais sério e
não a falta de produtos, porque nosso nível de riscos é ainda bem abaixo de
outras regiões do planeta, como a Califórnia, por exemplo.
“O setor de
seguros do País tem capacidade de absorver esses riscos, mas precisa haver
muito cuidado na regulação para evitar erros, como ocorridos nos Estados Unidos
– na Califórnia, o governo substitui as seguradoras privadas por públicas e
tabelou os prêmios, provocando fuga das companhias do seguro residencial”,
disse Dyogo Oliveira.
SONHO SEGURO