Investimento na Bolsa se valoriza acima do
valor do patrimônio dos fundos. Número de investidores dobra e fundo
imobiliário fica caro.
Por que
comprar algo que está mais caro do que vale?
Essa é uma das perguntas que um investidor deve se fazer
quando receber uma oferta para investir em fundos imobiliários.
Segundo
dados da B3, essa categoria de fundos fechou julho com patrimônio de R$ 62,4
bilhões, mas valor em Bolsa de R$ 70 bilhões. Na prática, se alguém quiser
comprar uma cota do investimento poderá pagar mais do que vale.
Esse
descasamento está ligado à recente euforia em torno do investimento, que passou
a ser vendido por corretoras como um produto que tem que estar na carteira de
todo investidor.
O resultado desse incentivo é que o número de pessoas que
aplicam em fundos imobiliários quase dobrou entre dezembro do ano passado e
julho, para 390 mil.
Como comparação, no mesmo período o número de
investidores em ações cresceu 53%, para 1,2 milhão.
“Pela primeira vez dá para dizer que os fundos
imobiliários estão valendo mais que deveriam.
Quando eu compro fundo, eu compro
o patrimônio”, afirma o professor do Ibmec SP Arthur Moraes.
Fundos imobiliários são investimentos
de renda variável.
A cota é negociada em Bolsa da mesma forma que ocorre com
uma ação —o investidor compra e vende essa cota pela plataforma de uma
corretora.
Confiança de investidores faz o papel subir, o
que está acontecendo agora. Turbulências, como em crise econômica, causam
perdas.
Essas
turbulências, porém, não mudam o patrimônio do fundo.
E aqui está o principal
diferencial de ações: 95% do lucro, ou seja, a renda gerada com aluguéis ou
venda de um imóvel é distribuída aos cotistas.
No caso das empresas, elas podem
reter o lucro para fazer o negócio crescer.
Portanto, fundos só aumentam efetivamente quando o gestor
promove um aumento de capital, apresentando um projeto e pedindo que cotistas
coloquem mais dinheiro.
FOLHA DE SÃO PAULO