Tipo de aposentadoria afeta capacidade de crescimento, diz Banco Mundial


Segundo estudo, sistemas como o brasileiro reduzem as taxas de poupança privada e pública

O sistema de aposentadoria afeta a capacidade de poupança pública e privada de um país e, por consequência, sua capacidade de investimento e crescimento econômico, sugere estudo divulgado nesta terça (15) pelo Banco Mundial.

Com dados de 80 países, o trabalho usa técnicas estatísticas para medir o impacto das características demográficas e previdenciárias nas taxas de poupança.

 

Do ponto de vista da poupança privada, a premissa é que o envelhecimento da população, por si só, pode reduzir a poupança privada: no ciclo de vida, poupa-se mais na juventude e gasta-se mais na velhice. Se a parcela de idosos cresce e a de jovens se reduz, cai a taxa de poupança.

Mas o tipo de aposentadoria também afeta essas decisões. Nos países em que os benefícios ficam mais perto do salário dos trabalhadores (ou seja, a taxa de reposição é mais alta), há menos incentivo a poupança.

O mesmo acontece quando o valor da aposentadoria é fixo (sistema chamado de benefício definido). A expectativa de receber um valor vitalício e próximo de seu salário reduz a necessidade de poupar para o futuro.

No estudo "The Future of Saving: The Role of Pension System Design in  an Aging World" (o futuro da poupança: o papel do sistema de Previdência em um mundo cada vez mais velho), o Banco Mundial calculou como o aumento da razão de dependência ((proporção entre a população de 65 anos ou mais e a de 15 a 64) afeta a taxa de poupança privada nos 80 países.

Para cada ponto percentual a mais na razão de dependência, a poupança cai 0,3 ponto percentual.

A redução, porém, é de 0,5 ponto nos países com sistema de benefícios definidos, e chegou a 0,6 ponto nos países desse grupo com Previdência mais generosa (os que estão entre os 25% que mais gastam em relação ao PIB per capita).

O impacto é revertido nos países em que o dinheiro da aposentadoria depende de quanto cada trabalhador consegue poupar para si próprio —o chamado sistema de capitalização, como o que está em estudo pelo governo Bolsonaro.

Nesses países, apesar do envelhecimento, a taxa de poupança subiu até 1,16 ponto percentual.

No Brasil a razão de dependência tem crescido rapidamente. De 2005 a 2015, passou de 8,9 para 11,4, um aumento de 2,6 pontos percentuais.

A taxa de reposição no país também é considerada alta. Segundo levantamento da OCDE, homens aposentados recebem 76% de seu salário, o 14% maior número entre 51 países avaliados.

Além disso, economistas defendem que, para a parcela de brasileiros de salários mais baixos, a taxa de reposição pode superar 100% —porque o piso da aposentadoria é vinculado ao salário mínimo e há a complementação do FGTS.



FOLHA DE SÃO PAULO
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