Grandes bancos reservam R$ 72 bilhões para cobrir
possíveis calotes em 2020.
Volume até setembro
deste ano supera toda provisão feita no ano passado.
Os quatro maiores
bancos com capital de aberto do país (Banco do Brasil, Bradesco, Itaú e
Santander) separaram, de janeiro até setembro, R$ 72,1 bilhões em reservas para cobrirem eventuais calotes.
O valor ultrapassa a quantia
provisionada em todo o ano passado (de R$ 61,2 bilhões) e supera em 8,9% o
último marco para o período, de R$ 66,2 bilhões, registrado em 2016.
O movimento
acompanha a crise do coronavírus e os números continuam altos mesmo depois de
os indicadores econômicos já terem sinalizado alguma recuperação.
Segundo o vice-presidente
de riscos e finanças do Itaú Unibanco, Alexsandro Broedel, apesar de o
desempenho do crédito ter sido melhor do que o projetado no início da pandemia,
ainda existem incertezas no cenário macroeconômico do país que impedem reduções
mais drásticas nas reservas contra calotes.
As provisões
para devedores duvidosos, como também são
conhecidas pelo mercado financeiro, são formadas por um montante mínimo
estabelecido pelo regulador e por montantes adicionais, colocados a critério de
cada instituição com base em seus modelos de análise de risco e de crédito.
O volume de
provisionamento por banco mantém o padrão conhecido pelo mercado.
Sozinho o Itaú
provisionou R$ 24,3 bilhões de janeiro a setembro deste ano –pouco mais de um
terço do total de reservas feitas no total pelos grandes bancos.
E o banco é
conhecido por fazer reservas maiores quando o ambiente econômico se torna
instável.
O Bradesco separou
R$ 21,2 bilhões para cobrir eventuais calotes. Banco do Brasil foi responsável
por provisionar cerca de R$ 17 bilhões no período.
O Santander reservou R$ 9,7
bilhões para este fim.
O banco espanhol também costuma fazer provisões menores.
Para o presidente
do Bradesco, Octavio de Lazari, a expectativa é
de crescimento da carteira de crédito ao longo dos próximos meses, o que pode
dar um fôlego a mais nos resultados.
Outra preocupação
entre os agentes do mercado é sobre um possível aumento da inadimplência diante
do fim do auxílio emergencial –projetado para acontecer em dezembro.
Segundo Claudio
Gallina, diretor de instituições financeiras da Fitch Ratings para a América
Latina, os bancos brasileiros tendem a enfrentar desafios contínuos de receita
e lucratividade em 2021.
Nesta quinta-feira
(5) a curva de juros futuros para 10 anos estava em 8,16% ao ano. O dólar
encerrou a sessão em queda de 1,96% ante o real, cotado em R$ 5,5460.
Os papeis dos
quatro maiores bancos do país fecharam o pregão em alta. Itaú subiu 2,39%, os papéis
do Bradesco avançaram 1,93% (ON) e 1,54% (PN), as ações do Banco do Brasil
tiveram alta de 1,22% e as units do Santander ganharam 2,18%.
O Ibovespa encerrou
em alta 2,94%, aos 100.751 pontos.
FOLHA DE SÃO PAULO