Chefe de grupo da OCDE diz que aumento da corrupção
no Brasil contribui para piora na economia.
Drago Kos, da
divisão antissuborno, mostrou-se cético em relação à acessão no curto prazo e
chamou o país de 'mau aluno'.
O aumento de
corrupção no Brasil contribui para a piora na economia do país, disse nesta
quinta-feira (4) o esloveno Drago Kos, chefe do grupo antissuborno da OCDE
(Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), o chamado clube
das nações ricas.
Em evento promovido
pela Fundação Fernando Henrique Cardoso e pela Transparência Internacional, o
xerife anti-corrupção da OCDE também se mostrou cético em relação à entrada do
Brasil na entidade no curto prazo, comparando o país a um "mau
aluno".
"Os critérios
dos estados membros [para aceitar novos membros na OCDE] se tornaram mais
rígidos recentemente, nós realmente não queremos ter maus alunos na classe. Já
temos um número suficiente de maus alunos, não precisamos de mais um",
disse Kos, indagado sobre a possibilidade de o Brasil iniciar seu processo de
entrada na OCDE no ano que vem.
As apreensões só
aumentaram, diz Drago Kos. "Estou preocupado com o Brasil", disse o
esloveno.
"O Brasil era
um caso típico de um país altamente corrupto, que explodiu, no sentido
positivo, provando, com a Lava Jato, que estaria disposto a lidar até com os
casos mais difíceis de corrupção."
Segundo ele, esse
"entusiasmo na luta contra corrupção" parece estar desaparecendo,
levando-se em conta acontecimentos recentes.
Ele citou especificamente a
proposta de mudanças no Conselho Nacional do Ministério Público, que poderia
enfraquecer o poder do órgão.
FOLHA DE SÃO PAULO