Estudo
acadêmico mostra como o TCU se intromete e atua como regulador de segunda
instância
Como
a forma equivocada de o TCU tem atuado não apenas como “watchdog” (que
supervisiona a obediência às regras e à lei), mas assumido excessivamente as
funções de “sheepdog” (conselheiro que guia políticas públicas e ações
governamentais por meio da expedição de comandos)?
O
tribunal já mexeu na taxa de retorno dos leilões de energia, multou diretores
da Antaq por considerar que eles não regularam adequadamente a cobrança de uma
tarifa por terminais portuários, entrou nos acordos de leniência com empreiteiras
da Lava-Jato, travou a liquidação da estatal dos semicondutores (Ceitec),
mandou os bancos públicos devolverem R$ 199 bilhões ao Tesouro. Suas decisões -
não se discute se certas ou erradas - têm feito surgir uma safra de textos
acadêmicos e análises sobre o raio de atuação do TCU.
Um
estudo acadêmico "revela uma atitude intrusiva do TCU”, como
se fosse um regulador de segunda instância. Ele encontrou quase 600
determinações e mais de 100 recomendações.
Em 70% dos casos, sobre a
atividade-fim da agência reguladora, no caso a ANTT.
Ou seja, não se falta
pessoal ou se há problemas nos contratos administrativos, mas como ela deve
fixar revisões das tarifas de pedágio em concessões rodoviárias ou como fazer a
modelagem antes de um leilão".
A dissertação de mestrado do advogado
Antônio Bastos, na UERJ, diz isso após mapear aproximadamente 200
acórdãos do tribunal.
O
pesquisador Eduardo José Grin, da FGV-SP, escreveu para o Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (Ipea) um texto em que aponta o aumento, entre 2005 e 2019,
de auditorias operacionais e relatórios de fiscalização cujos objetivos são
avaliar, parcial ou totalmente, políticas públicas de diversas áreas.
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