BOLSA


Bolsa perde o patamar de 120 mil pontos com incertezas domésticas e cenário internacional.

Além das tensões políticas e fiscais internas, dados fracos da China e tomada de poder no Afeganistão influenciaram preços nesta segunda.

As incertezas do cenário doméstico somadas aos recentes noticiários internacionais fizeram com que a Bolsa de Valores brasileira perdesse o patamar de 120 mil pontos nesta segunda-feira (16). 

O Ibovespa, principal índice acionário do país, encerrou em queda de 1,66%, aos 119.180 pontos, no pior patamar desde maio.

No Brasil, continuam a repercutir entre investidores as desavenças entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o STF (Supremo Tribunal Federal). 

Dúvidas sobre como o governo deve lidar com as questões fiscais em torno do orçamento para 2022 e as discussões em relação à reforma tributária, que pode ser votada ainda nesta semana, também seguem no radar.

“Entre os pontos que preocupam o mercado está essa reforma [tributária], que é extremamente populista e que ao invés de simplificar a vida do contribuinte brasileiro, complica e, provavelmente, ainda sobe carga tributária”, afirmou o economista-chefe da Integral Group, Daniel Miraglia.

“O mercado também deve acompanhar de perto a questão institucional, com o embate entre o Judiciário e o Executivo. Isso também tem criado no mercado um receio de instabilidade institucional e tem gerado incertezas sobre o que pode acontecer ao nos aproximarmos das eleições de 2022”, completou Miraglia.

Nesta segunda (16), o vice-presidente Hamilton Mourão disse que acha difícil que o Senado aceite o pedido de impeachment, mas defendeu o direito de Bolsonaro de agir contra os ministros.

Para Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora, outro ponto que também repercutiu no ambiente doméstico foi o aumento das projeções para a taxa básica de juros Selic no último relatório Focus, do Banco Central, divulgado nesta segunda (16).

"A curva de juros segue ganhando força diante dos ruídos políticos e dos temores quanto ao rumo do fiscal, fator que, somado ao ritmo da inflação, elevou mais uma vez a expectativa para Selic", afirmou.

A projeção saiu de 7,25% para 7,50% ainda neste ano. A expectativa para a inflação também teve uma nova alta e saiu de 6,88% para 7,05% em 2021. 

A curva de juros para quatro anos subiu de 9,54% ao ano para 9,76% na comparação intraday (período de um dia de negociação).

Nos mercados internacionais o dia também foi marcado por uma alta volatilidade. 

Em parte, o mercado repercutiu os dados industriais e de consumo divulgados pela China, que vieram abaixo do esperado.

“Isso fez com que as Bolsas mundiais fossem puxadas para baixo, talvez indicando uma desaceleração ou uma entrega menor do que a prevista para o nível pós-pandemia. 

O mercado também acompanha o desenrolar da variante delta do coronavírus ao redor do mundo”, afirmou o especialista da Valor Investimentos Davi Lelis.

A elevação das projeções para a Selic também refletiu em queda no setor financeiro. Itaú caiu 1,15%, seguido por Bradesco e Santander, que recuaram 0,82% e 0,29%, nesta ordem.

No câmbio, o dólar encerrou em alta de 0,66%, a R$ 5,2810. 

Além de repercutir os maiores ganhos da divisa no exterior, a valorização da moeda americana ante o real também refletiu uma maior aversão ao risco diante das tensões políticas e fiscais do cenário doméstico.



FOLHA DE SÃO PAULO
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