A mudança do perfil demográfico do Brasil exige providências inadiáveis.
Uma delas está em curso. É a reforma da Previdência, que leva em conta o
envelhecimento da população e o aumento da expectativa de vida. Ocorre, no
país, conjugação preocupante. De um lado, cresce o segmento de idosos, que demanda
políticas públicas adequadas às necessidades do grupo que avança em idade. De
outro, diminui o percentual de pessoas economicamente produtivas que, por estar
no mercado, pagam os custos dos que foram para a inatividade.
Baseado em dados da Pnad, o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) apresentou, em dezembro de 2016, a Síntese de Indicadores
Sociais. Os números preocupam. Em 2015, o Brasil tinha 204,9 milhões de
habitantes, 14,3% dos quais com mais de 60 anos. Em 2005, o percentual era de
9,8%. Mantido o ritmo, projeta-se cenário pouco animador: em 24 anos, pessoas
com mais de 60 anos serão 23,5% da população total. A aceleração não se observa
na outra ponta. De 2005 a 2015, o percentual de crianças e jovens de até 14
anos caiu de 26,5% para 21%; o de 15 a 29 anos passou de 27,4% para 23,6%.
Envelhecer é uma das grandes conquistas da humanidade. Graças aos
progressos da medicina e à melhora das condições urbanas, morre-se mais tarde.
O aumento da esperança de vida significa aumento de tempo na inatividade. O
ideal seria manter o equilíbrio da balança. Não é, porém, o que se observa. A
maternidade está em baixa. A taxa de fecundidade é 1,77 filho por mulher.
Previsão para 2030 é que o índice caia para 1,5. Segundo especialistas, a taxa
está abaixo da considerada necessária para a reposição natural da população -
2,1 filhos por mulher.
Trata-se de caminho sem volta. Japão e países da União Europeia
enfrentam fenômeno semelhante. Mulheres se dedicam cada vez mais à carreira e
relegam a maternidade a segundo plano. Campanhas para reverter o quadro se
mostraram ineficazes. Nada indica que aqui o cenário seja diferente. Talvez,
apostam alguns, se o Estado oferecer condições aptas a compatibilizar os dois
papéis - mãe e profissional - se obtenha algum êxito. Apesar, porém, de o
problema estar batendo à porta, não se põem em prática ações nesse sentido.
Tampouco se veem políticas públicas necessárias ao
atendimento de idosos para lhes elevar a qualidade de vida e, em consequência,
retardar enfermidades que sobrecarregam o sistema de saúde. A expectativa de
vida do brasileiro em 2015 era de 75,5 anos (71,9 anos homens e 79,1 mulheres).
Projeções para 2060: 81,2 anos (78 homens e 84,5 mulheres). A realidade impõe
desafios. Há que enfrentá-los.
O Estado de Minas + Portal UAI