Estrangeiro piora visão para o real com escalada de
risco político e inflação.
Goldman
Sachs diz que volatilidade da moeda tende a aumentar em 2022; analistas elevam
projeções do dólar.
O recrudescimento da crise político-institucional e seus potenciais efeitos fiscais têm
deprimido ainda mais a visão do estrangeiro sobre a taxa de câmbio brasileira,
em meio a uma ampla expectativa de volatilidade adicional apesar da
possibilidade de juros mais altos.
O gosto das posições em real ficou mais amargo no
começo da semana passada, na esteira da escalada da contenda política após
o presidente Jair Bolsonaro atacar ministros do STF e
ameaçar descumprir ordens judiciais ao discursar a apoiadores
no 7 de Setembro.
A reação dos mercados no dia 8 foi péssima, o que
acionou o botão de alerta no governo. No dia seguinte, o chefe do Executivo
divulgou carta à nação na qual disse que nunca teve "intenção de agredir quaisquer dos
Poderes".
No mesmo dia 9 o mercado consumiu parte do prêmio
de risco acumulado. Mas a sensação de insegurança não apenas se manteve, mas
foi a patamares mais elevados, com temores de "aventuras fiscais" por
parte do governo.
Dados da CFTC (agência dos EUA) que incluíram
movimentações semanais até dia 7 mostraram que especuladores venderam contratos
de real na Bolsa Mercantil de Chicago no ritmo mais forte em sete meses, com o
saldo indo ao patamar mais baixo desde 1º de junho.
"Qualquer ameaça ao teto de gastos ou a potencial
criação de brechas provavelmente pressionariam os ativos locais. A tensão
política dificulta a cooperação entre os Poderes e também pode reduzir o ritmo
de avanço das reformas", disseram Roberto Secemski, Juan Prada e Sebastian
Vargas, do Barclays, em relatório.
FOLHA DE SÃO PAULO