Despesas do INSS vinculadas a um salário-mínimo
chegam a 3,1% do PIB, diz estudo
Economista Fabio
Giambiagi prevê a necessidade de uma nova reforma previdenciária para frear
problema fiscal, que dobrou de 1997 em diante
As despesas
da Previdência Social em benefícios de
um salário mínimo saltaram de 1,2% do PIB (Produto Interno Bruto) em 1997 para 3,1% em 2024.
O efeito se explica pelo baixo crescimento econômico do país no período, pelas
regras anteriores às reformas de 2019 que permitiam aposentadorias precoces e,
principalmente, pelo crescimento real do salário mínimo (acima da inflação),
que de 1995 a 2023 se valorizou em 188,7%.
Em estudo
publicado neste mês, o economista do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico Social) Fabio Giambiagi levantou alertas para um problema fiscal cada
vez maior com as aposentadorias no país.
Para o
especialista, o Brasil já sente os impactos do ônus demográfico, com o maior
envelhecimento da população, e precisará ajustar novamente a previdência se não
quiser sentir os efeitos do gasto escalonado nas aposentadorias.
A última
reforma da Previdência, de 2019, avalia ele, ajudou a conter a escalada das
despesas, mas será insuficiente em pouco tempo.
Considerando
todo o Regime Geral de Previdência Social, o gasto com o INSS saltou de 2,5% do PIB em 1988 para 8% em 2024.
Para o economista,
a pressão sobre os benefícios previdenciários pode ser atribuída a três causas:
- regras generosas de aposentadoria por tempo de
contribuição, que por décadas permitiram aposentadorias extremamente
precoces;
- um diferencial de regras
por gênero, que permitia às mulheres se aposentarem aos 46 anos se
começassem a contribuir cedo;
- e uma dinâmica de
benefícios rurais.
FOLHA DE SÃO PAULO