O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse ontem, que aguarda a saída
do presidente Jair Bolsonaro do hospital para definir detalhes do regime
de capitalização que deve ser adotado na reforma da Previdência que o governo vai
enviar ao Congresso. Segundo boletim médico divulgado nesta
quinta, Bolsonaro voltou a ter febre e uma tomografia detectou pneumonia.
"Eles
[senadores] receberão este texto, a Câmara receberá este texto e a imprensa
receberá este texto assim que o presidente se recuperar. É um timing que
precisamos respeitar. Quando ele voltar, tem que definir algumas variáveis
importantes como tempo de transição, as idades, se este novo regime vem agora
ou depois", afirmou Guedes.
Após reunir-se com
o presidente do Senado, Davi Alcoulmbre (DEM-AP), Guedes afirmou
ser "perfeitamente possível consertar" o atual regime
previdenciário —que ele considera "fiscalmente
insustentável"— e criar as bases de um novo regime que será
encaminhado ao Congresso.
O ministro da
Economia negou que a reforma represente um retrocesso em relação a direitos trabalhistas
e criticou os sindicatos, aos quais se referiu como "falsas lideranças que
aprisionam o Brasil num sistema obsoleto".
"Esta reforma
que nós encaminhamos não está mexendo em direito trabalhista. Está olhando para
o aspecto financeiro e abrindo a porta para que essas perspectivas futuras
sejam trabalhadas [no Congresso]", afirmou Guedes, cobrando paciência
dos sindicalistas.
"A única
certeza que os sindicatos podem ter é que a vida não vai ser como antigamente,
onde os líderes sindicais têm uma vida muito boa às custas dos trabalhadores,
que não têm emprego nem benefícios previdenciários corretos", declarou,
salientando que, atualmente, 46 milhões de brasileiros não contribuem com a
Previdência.
"A
Previdência não vai conseguir tomar conta deles se não fizermos a
reforma."
O ministro da
Economia disse que à sua equipe cabe "simplesmente formular" as
propostas.
"A decisão é
de um presidente que foi eleito por quase 60 milhões de brasileiros e que vai
dizer 'olha, a versão que nós vamos encaminhar é a versão A e não a versão
B'", afirmou.
Assim como fez com
o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), Guedes apresentou suas ideias de
reforma ao presidente do Senado.
"Não vi a
reforma. Ouvi as propostas do ministro Paulo Guedes em relação aos conceitos do
que é reforma da Previdência. Tenho a convicção de que há hoje a sensibilidade
de combater privilégios e atender os que mais precisam", disse Alcolumbre,
que esteve com o Guedes pela primeira vez.
FOLHA DE SÃO PAULO