Armínio Fraga vê Brasil na UTI e pede que Galípolo
convença governo a resolver questão fiscal.
Ex-presidente do
Banco Central demonstrou preocupação com a dívida pública acima de 75% do PIB e
em trajetória de alta
O ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga afirmou nesta
quarta-feira (12) que o atual cenário econômico do Brasil apresenta sintomas
muito graves de um "paciente na UTI", citando que os juros futuros estão "na lua a perder
de vista" e que a única área que pode ajudar a autoridade monetária é a
política fiscal.
Em seminário do Instituto de Estudos de Política
Econômica/Casa das Garças, no Rio de Janeiro, Fraga defendeu que o atual
presidente da autoridade monetária, Gabriel Galípolo, convidado do evento,
convença o governo a atuar nessa área.
"Você, como uma pessoa de confiança das altas
autoridades do nosso país, talvez possa convencê-las de que não tem mágica e
que isso que aconteceu até agora foi muito bom, o desemprego está baixo, é um
sonho, mas agora a festa meio que acabou, não é um problema de
comunicação", disse.
Fraga, que comandou o BC entre 1999 e 2002, no
governo Fernando Henrique Cardoso, demonstrou preocupação com uma dívida
pública acima de 75% do PIB (Produto Interno Bruto), e
em trajetória de alta, associada a uma atividade econômica que fatalmente vai
desacelerar.
"O Banco Central não faz milagre, sei que é
difícil comentar, mas isso precisa acontecer. Eu considero que o paciente está
na UTI, não precisa nem entrar nas discussões sobre dominância fiscal, isso é
muito acadêmico. O mix macro precisa mudar, e eu acho que isso não parece estar
na agenda", afirmou.
FOLHA DE SÃO PAULO