Não faz sentido ter pressa para
regular IA, dizem especialistas
Rápido avanço da tecnologia e necessidade de aprofundar debate são
argumentos para defender cautela.
Se a sabedoria popular ensina
que a pressa é inimiga da perfeição, especialistas em tecnologia afirmam que, com ainda mais
razão, o ditado se aplica à regulação da inteligência artificial, apesar
de todo o frenesi provocado pelo ChatGPT.
Pelo menos foi o que disseram os
debatedores de uma mesa dedicada ao tema na Futurecom, evento de tecnologia
realizado de 3 a 5 de outubro em São Paulo.
"É urgente o debate, mas
não tem urgência na conclusão dele", afirma Dora Kaufman, professora da
PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo).
O projeto de lei 2338/23, em tramitação no
Senado, trata justamente desse tema.
A ideia é aprovar um marco
regulatório capaz de minimizar os riscos oferecidos pela nova
tecnologia e estabelecer um órgão responsável por implementar a
regra e fiscalizar o setor.
"Não é à toa que ainda não existe um marco regulatório no mundo ocidental.
Isso reflete as dificuldades de pensar um modelo jurídico", diz Kaufman.
Para ela, pelo menos duas
características dessa nova tecnologia desaconselham a aprovação célere de uma
lei.
Em vez de regular com base no
receio de danos que a IA possa causar, é melhor buscar
mais evidências.
Um caminho para isso foi lançado
neste mês pela ANPD (Autoridade Nacional de Proteção de Dados) e apresentado
por Nairane Rabelo, diretora da autarquia: um projeto piloto de sandbox
regulatório.
O modelo, também utilizado pela
China, por exemplo, cria um ambiente controlado para que o público possa testar
tecnologias associadas à inteligência artificial.
FOLHA DE SÃO PAULO