Bancos vão oferecer porta de saída a clientes que usarem 15% do limite
da conta por 30 dias; adesão a operação mais barata não será obrigatória
Uma das mais caras
linhas de crédito existentes, o cheque especial passará a ter novo
funcionamento em 1º de julho. Bancos oferecerão uma opção mais barata a quem
usar 15% do limite da conta por 30 dias seguidos. Clientes que receberem a
proposta não serão obrigados a aceitar e não haverá penalidade a quem continuar
com a conta no vermelho.
Em fevereiro, a taxa média de
juros cobrada pelos bancos era de 324,1% ao ano. Uma dívida de R$ 1 mil sobe
para R$ 4.240,00 depois de um ano no cheque especial. No crédito pessoal, essa
dívida, depois de um ano, seria de R$ 1.330,00.
Diferentemente da mudança no rotativo no cartão,
mudança na operação do cheque especial não será obrigatória
A nova mecânica foi desenhada
pelas próprias instituições financeiras como uma resposta ao Banco Central que
tem cobrado redução do custo do crédito. O presidente do BC, Ilan
Goldfajn, antecipou que os bancos estudavam uma nova fórmula em janeiro, em
entrevista ao Estadão/Broadcast. Após meses de trabalho entre bancos e BC, foi
confirmada ontem a nova estratégia para identificar clientes persistentes no
uso do cheque especial e evitar que o grupo sofra com o efeito “bola de neve”
do juro.
+ Custo do crédito ainda não reflete patamar histórico da Selic
Para isso, instituições financeiras
se comprometeram a oferecer parcelamento da dívida que funcionará como “porta
de saída” para quem está com a conta corrente negativa por muito tempo. Quando
esse cliente migra para uma dívida mais barata, dizem os bancos, contas serão
reorganizadas e cairá o risco dê calote no futuro.
“O uso mais adequado vai reduzir inadimplência do cheque e a menor
inadimplência vai permitir a redução do juro”, defendeu o presidente
da presidente da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), Murilo
Portugal. Ao todo, os brasileiros devem R$ 24,3 bilhões no cheque especial –
cerca de 1,5% do total das operações de pessoas físicas – e a linha tem o
segundo maior juro dos bancos e só perde para o rotativo do cartão, que custa
333,9% ao ano.
O ESTADO DE SÃO PAULO