Bolsa brasileira ainda está longe de uma bolha, dizem economistas.
Pequeno investidor sustenta
valorização e maior número de negócios, mas não distorce preços.
Em menos de quatro anos, a Bolsa brasileira praticamente dobrou de tamanho
e se aproximou dos 120 mil pontos, isso enquanto a economia do país patinava e
insistia em crescer modestos 1% ao ano.
No mesmo período, o número de pequenos
investidores com ações cresceu 200%, mesmo com o desemprego em taxas ainda
elevadas, limitando a capacidade de poupança dos brasileiros.
Esses dados eram conhecidos pelo
mercado.
Mas, na semana passada, um dos mais respeitados gestores de fundos do
país, Luis Stuhlberger, da Verde Asset Management, afirmou que
há um “efeito bolha na Bolsa”.
Eles ficaram, porém, praticamente
sozinhos no lado pessimista do debate. Economistas e gestores ouvidos pela Folha
ao longo da semana discordaram de que haja uma bolha no mercado,
ainda que alertem para a dificuldade de vê-la antes que estoure.
Na definição clássica, a bolha
acontece quando um ativo, ou um conjunto de ativos, estão com um preço muito
elevado, descolado do que seria seu valor real, o que geralmente acontece após
longos períodos de valorização.
A ida dos “órfãos do CDI”, como
Stuhlberger chamou os investidores de renda fixa brasileiros, para o mercado de
ações estaria inflando as cotações.
De 2018 a 2019, o número de pessoas físicas na Bolsa alcançou 1,7 milhão.
Como os papéis disponíveis no mercado não cresceram na mesma proporção, o preço
se eleva.
A preocupação está no efeito manada:
brasileiros estão acostumados a investir em renda fixa, as oscilações do
mercado, sujeito ao humor de investidores e fatores externos, podem
afugentá-los por completo, o que causaria uma enorme pressão de venda,
derrubando cotações.
FOLHA DE SÃO PAULO