Auditoria conclui que Correios enfrentam alto custo previdencial


Uma auditoria independente realizada pela BDO RCS Auditores Independentes na empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) concluiu que a empresa apresenta elevados custos assistenciais e previdenciais com seus funcionários. O relatório aponta para algumas limitações de escopo em relação às provisões do plano de benefícios administrado pelo Postalis, fundo de pensão patrocinado pelos Correios.

Segundo a auditoria, nas demonstrações financeiras da ECT, as provisões para benefícios previdenciários totalizam o montante de R$ 1,9 bilhão. Contudo, os auditores tiveram dificuldade em confirmar se esse é, de fato, o valor a ser provisionado para o pagamento de aposentadorias de participantes do Postalis. Eles destacam que em 31 de dezembro de 2016, o plano de benefício definido do Postalis apresentava o montante de R$ 5,348 bilhões em ativos, dos quais R$ 2,625 bilhões estão representados por carteiras de ativos terceirizadas e apresentam indícios de redução ao valor recuperável no valor justo desses ativos por conta de baixos índices de liquidez e solvência de certas empresas investidas.

A auditoria destaca que o valor dos ativos do Postalis pode ser ainda menor pois há incertezas em relação à continuidade operacional de certas empresas e companhias investidas. Segundo o relatório, houve também modificações ou abstenções de opinião nos relatórios de outros auditores independentes sobre as demonstrações financeiras de determinadas empresas investidas pelo Postalis, além da ausência de demonstrações financeiras auditadas e atualizadas de certos investimentos da carteira de ativos da entidade.

A auditoria ressalta o fato de alguns investimentos do Postalis estarem em FIPs que estão sob investigações das operações Lava Jato e Greenfield, e que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) possui procedimentos administrativos instaurados para apurar a eventual prática de irregularidades de investimentos realizados com recursos do Postalis. “Até a conclusão dos nossos trabalhos, não tivemos acesso as demonstrações financeiras do Instituto Postalis de Seguridade Social referentes ao exercício findo em 31 de dezembro de 2016, acompanhadas do respectivo relatório dos auditores independentes”, diz a auditoria. Eles complementam que o relatório dos auditores independentes do Postalis referente às demonstrações financeiras do exercício findo em 31 de dezembro de 2015 também
indicaram a existência de indícios de redução ao valor recuperável de certos ativos por meio de modificações na opinião sobre as demonstrações financeiras e ênfases decorrentes de dúvidas significativas.

O relatório destaca que os Correios estão em processo de contratação de serviços especializados atuariais para análises de conformidade e consistência das folhas de pagamento e dos valores supostamente devidos a título de Reserva de Tempo de Serviço Anterior - RTSA. “O resultado desse trabalho, poderá, eventualmente, resultar em reconhecimentos de novas provisões para benefícios pós emprego do plano de benefícios previdenciários BD”.

A auditoria complementa que por conta desses altos custos com benefícios previdenciais, que não puderam ser precisamente calculados, além do fato de que a ECT apresenta prejuízos acumulados e responde a um volume relevante de contingências de natureza cíveis, fiscais, trabalhistas e criminais, há uma “possível existência de incerteza que pode levantar dúvida quanto à capacidade de continuidade operacional da empresa”.



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