Fatura de dívidas adiadas na pandemia começa a
chegar para empresas.
Receitas ainda em
baixa devem levar a novas renegociações e alta da inadimplência.
A conta das dívidas
e pagamentos adiados para tentar conter os impactos da crise do coronavírus
começa a chegar ao caixa das empresas.
Com o faturamento ainda aquém dos níveis pré-pandemia e baixa
demanda, empresários focam em controle de custos e novas
renegociações de crédito para sobreviver até o ano que vem.
Além dos débitos
que os bancos prorrogaram por até 180 dias –prazo que já começa a vencer a
partir de outubro–, parcelas dos tributos adiados pelo governo e a volta do
pagamento integral de aluguéis e da folha de salários também podem coincidir
nos próximos meses e, segundo especialistas, aumentar os níveis de inadimplência.
Para as empresas que conseguiram pegar a primeira leva do Pronampe
(Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte),
entre junho e julho, os primeiros pagamentos devem começar a acontecer entre
fevereiro e março do ano que vem, quando acabam os oito meses de carência do
programa.
Segundo a consultora de negócios do Sebrae-SP (Serviço Brasileiro de
Apoio às Micro e Pequenas Empresas) Leidiane Lima, as medidas anunciadas pelo governo de acesso ao crédito para companhias, como o próprio
Pronampe ou o crédito para pagar o salário de funcionários, foram positivas e
ajudaram uma parcela importante de empresas a ter caixa para superar a crise,
mas a maioria não terá recursos para cobrir as despesas dos próximos meses.
Apesar de os últimos dados da Febraban (Federação Brasileira de Bancos)
apontarem que as instituições financeiras emprestaram cerca de R$ 1,8 trilhão
de 1º de março a 21 de agosto, incluindo contratações, renovações e suspensão
de parcelas, o acesso a esses recursos foi diferente para os diversos setores
da economia, o que deve afetar a obrigação de pagamentos de parte considerável
das empresas.
FOLHA DE SÃO PAULO