Disposto
a se capitalizar com a venda de ativos, que incluem cotas de um fundo que irá
gerenciar milhares de prédios públicos, o governo de Minas está em busca de
investidores no mercado. A aposta no Executivo é que os fundos de pensão possam
ser os principais interessados no negócio a ser disponibilizado. No mercado,
contudo, há dúvidas de que o momento seja propício para este tipo de negócio.
O
governo espera captar até R$ 20 bilhões com a criação de seis fundos de
diversas naturezas nos próximos três anos. Desse total, cerca de R$ 5 bilhões
viriam de dois fundos imobiliários que vêm causando polêmica na Assembleia
Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
Se o
projeto for aprovado, serão criados dois fundos. Em um deles, ficarão imóveis
que não podem ser vendidos porque abrigam órgãos públicos, como a Cidade
Administrativa. O outro fundo seria ofertado ao mercado em cotas. Os
investidores seriam remunerados com os alugueis que serão pagos pelo Estado.
Mercado.
Em todo o país, os fundos de pensão previdenciária complementar
administram um patrimônio de cerca de R$ 800 bilhões, segundo Guilherme Velloso
Leão, diretor responsável pela Comissão Técnica Nacional de Investimentos da
Associação Brasileira das Empresas Fechadas de Previdência Complementar
(Abrapp).
Ele
observa que será difícil que qualquer investidor consiga dissociar a imagem do
fundo que será criado da crise financeira pela qual passa o Estado. “Além de
rentabilidade, a grande pergunta que os investidores farão, não só os fundos de
pensão, mas os bancos, investidores internacionais, é de qual o risco desse
investimento em termos de garantir o contrato”, afirma Guilherme Leão
ressaltando que não conhece o projeto em detalhes.
A
reportagem conversou com diretores dos quatro fundos de pensão ligados a
estatais em Minas: Forluz (de funcionários da Cemig), Fundação Libertas
(Copasa, Codemig e outras cinco empresas), Desban (BDMG) e Derminas (DER).
Todos negaram terem sido procurados para compra de cotas, mas uma fonte
confirmou ter havido uma sondagem. Apenas o Derminas já descartou interesse no
negócio. Nos bastidores, a informação é que os servidores associados dos quatro
fundos estão temerosos em relação ao novo fundo e temem uma influência
política. Guilherme Leão, contudo, pondera que os fundos de pensão podem ter
uma imagem negativa “por causa de dois ou três episódios”, mas que, hoje, o
nível de governança dessas fundações é enorme e que não há espaço para
interferências políticas.
“As decisões de investimento estão descentralizadas em vários órgãos e
conselhos, exige muita fundamentação técnica. Os poucos casos de denúncias
foram exatamente decorrentes de decisões intempestivas e que cederam a algum
tipo de pressão”, diz Guilherme Leão.
O Tempo