A
Secretaria de Políticas de Previdência Complementar (SPPC) mostra-se
inteiramente voltada para o fomento do sistema formado pelos fundos de pensão
e, nos próximos meses, estará dando ainda mais provas disso. Em maio, entre os
dias 8 e 14, quando da realização da 4ª Semana Nacional de Educação
Financeira, a SPPC irá promover eventos destinados a explorar as
possibilidades de crescimento da previdência complementar fechada a partir da
reforma da Previdência. “O sistema com certeza estará ganhando a partir de
agora maior representatividade na composição da renda pós-emprego”, sintetiza o
Secretário-Adjunto, José Edson da Cunha Júnior.
Um pouco
antes disso, por volta do final de abril, a Mercer-Gama, contratada para esse
fim pela SPPC através de processo licitatório, deverá estar concluindo o estudo
técnico que irá fornecer a estados e municípios parâmetros para a criação e manutenção
de planos de contribuição definida destinados aos servidores. O trabalho,
explica José Edson, será divulgado em maio e a partir desse ponto a Secretaria
estará preparada para dar um suporte muito mais efetivo aos entes públicos que
a procurarem, em busca de orientações, para a montagem de planos de previdência
complementar fechada para o seu funcionalismo.
Convicções
consolidadas - Tais ações decorrem de algumas convicções
consolidadas dentro da SPPC, a primeira das quais é a urgência com que o
sistema fechado de Previdência Complementar precisa retomar o seu crescimento.
“O sistema cumpriu com primor a sua missão ao longo de 40 anos de vida
regulamentada, na medida em que complementa a renda do trabalhador já
assistido, dessa forma entregando o que prometeu lá atrás. Mas, agora, precisa
atualizar-se, acompanhar as mudanças ocorridas no Mundo e especialmente no
mercado de trabalho”, resume José Edson. Os planos precisam ganhar
flexibilidade, em termos de variados formatos temporais nas contribuições
(inclusive tornando possível a sua interrupção por um certo período) e no tempo
de recebimento dos benefícios, sem esquecer de se admitir o resgate parcial em
planos patrocinados ao menos no caso das contribuições esporádicas.
Sob o
olhar da SPPC, há que se avançar também em atratividade e, quanto a isso, se
mostra fundamental estender o incentivo tributário também para o contribuinte
que faz a sua declaração anual de ajuste do Imposto de Renda pelo modelo
simplificado.
Adesão
automática - Os planos precisam também ganhar maior acessibilidade e,
quando se pensa nisso, nada parece mais essencial do que a adoção do mecanismo
da adesão automática que, aliás, a Abrapp e as demais representações da
sociedade civil no CNPC estarão levando para ser discutido na reunião que o
Conselho fará na segunda quinzena deste mês. Trata-se de fazer funcionar ao
contrário a reconhecida tendência do ser humano à inércia, isto é, postergar
decisões. No lugar de ter de decidir-se a entrar em um plano, o trabalhador
será nele automaticamente incluído, evitando com isso que por falta de ação
perca a oportunidade que lhe está sendo oferecida de proteger o seu futuro.
Mas, se pedir para sair, será prontamente atendido, sendo que ao longo dos 90
dias de prazo que lhe serão dados para optar entre ficar ou sair nenhuma
contribuição lhe será cobrada.
Do
planejamento da SPPC consta também o incentivo à formação de fundos de pensão
setoriais, obtidos através de acordos coletivos de trabalho e alcançando a
todas as empresas e trabalhadores de dados setores de atividades. “Assim seriam
beneficiadas empresas e entes instituidores que num primeiro momento não têm
ainda margem para criar os seus próprios planos”, esclarece José Edson.
Está
igualmente nos planos viabilizar uma ampla campanha de promoção da previdência
complementar fechada, capaz de mostrar as vantagens para o tabalhador e o País
como um todo.
Objetivo
do estudo - O objetivo do estudo no qual trabalha a Mercer-Gama
é fazer um mapeamento dos custos de implantação e manutenção de
planos CD e CV, assim como dados relativos à oferta de benefícios de risco de
morte e invalidez, estabelecendo o que seria necessário para a sua viabilidade.
“Queremos ter uma prateleira de modelos que mostre de maneira clara as
alternativas viáveis para os interessados em criar planos, incluindo aí os
estados e municípios”, explica José Edson.
Para
definir essa prateleira, o projeto prevê detalhar a viabilidade de planos em
três diferentes camadas de modelagem, informa o secretário-adjunto. A primeira
delas estabelecerá os custos e requisitos mínimos de viabilidade para a
criação e manutenção de planos CD e CV. Em seguida, uma
segunda camada detalhará as mesmas informações para os casos de planos que
também queiram oferecer benefícios de risco – morte e invalidez – com as opções
de internalizar esses benefícios ou contratar uma seguradora para fazê-lo. A
terceira e última camada trará informações sobre os planos que pretendam
avançar e oferecer ainda mais do que isso, incluindo benefícios vitalícios aos
seus participantes.
A
iniciativa representa um importante passo para o crescimento do regime de
previdência complementar fechada, enfatiza o consultor da Mercer-Gama
responsável pelo estudo, Antonio Fernando Gazzoni. “Será possível, com isso,
dar uma visão bastante completa dos planos existentes, o que permitirá ao
Ministério, como efeito adicional, estabelecer uma régua para verificar quem
está abaixo dos parâmetros mínimos”. Ao mesmo tempo, o estudo dará as
diretrizes para os empresários e governos que pretendam oferecer alternativas
de previdência complementar aos seus funcionários. Esse projeto, pondera o
consultor, reflete o alinhamento do Estado à necessidade de fomento da
previdência complementar. Além disso, com a perspectiva da reforma
previdenciária e a obrigatoriedade dos estados e municípios terem suas próprias
entidades para gerir planos de previdência complementar, será ainda mais
importante ter parâmetros disponíveis para a sociedade.
A
consultoria está utilizando sua própria base de dados para complementar
as informações fornecidas pelas respostas ao formulário da SPPC, observa
Gazzoni. Com isso, ele lembra que “o sindicato, associação, empresa ou governo
que quiser criar um plano poderá saber exatamente quanto terá que gastar, a
quantidade mínima de pessoas envolvidas com esse trabalho e outros dados
fundamentais para tomar a decisão de ter seu próprio plano ou, por exemplo,
entrar num modelo multipatrocinado”.
Apoio
técnico - Os reflexos desse projeto, avalia José Edson, deverão
ir além de seu objetivo central que é o apoio técnico aos novos planos. “Como
consequência do estudo, teremos acesso aos dados de implantação e custos dos
planos, que poderão servir como insumo para desburocratizar esse processo”.
Outro efeito importante será a eventual apresentação de propostas para
racionalizar a atual modelagem, com planos mais simples e mais baratos. “O
grande intuito é o crescimento e o aperfeiçoamento do regime, de modo que
também os estados e municípios tenham condições de saber exatamente como
escolher seus próprios planos de previdência”, afirma o secretário.
Esse efeito colateral será
relevante para o fomento, reforça Gazzoni. “Ao determinar o custo de manutenção
de um modelo de plano, saberemos qual é o nível d'água para que ele tenha
equilíbrio e seja razoável mantê-lo, além de apontar como chegar a esse
equilíbrio de forma mais transparente”. A pesquisa deverá levar em conta os
custos de planos criados recentemente mas também o de planos com cinco e mesmo
sete anos de existência, incluindo nesse universo aqueles com graus diferentes
de complexidade. Além disso, o estudo agregará sugestões e recomendações em
face das conclusões técnicas levantadas.
Diário dos Fundos de Pensão