O setor de previdência complementar tem
apresentado crescimento de captação nos últimos anos, apesar de ser uma
categoria de investimentos onde uma parcela mínima dos fundos tem conseguido
apresentar rentabilidade superior à Selic, segundo um estudo feito por uma
gestora de recursos.
O levantamento, da TAG Investimentos, avaliou o
desempenho com 1.008 fundos classificados entre as categorias renda fixa,
conservador, moderado e agressivo.
"Os números são absolutamente lastimáveis e
mostram que o desempenho majoritário dos gestores desse tipo de fundo é
sofrível", disse o sócio da TAG André Leite, que compilou os dados.
No espaço de 12 meses até setembro, apenas 68 de
375 fundos de previdência complementar classificados como de renda fixa
superaram o CDI, referenciada na taxa básica de juros do país, hoje em 14,25
por cento ao ano. No grupo conservador, 88 de 139 fundos superaram o CDI no
período. Entre os moderados, o resultado foi o melhor, 68 de 87 superaram o
indicador. Já nos agressivos, a fotografia mostrou o contrário, apenas 3 de 286
carteiras tiveram desempenho melhor do que o índice.
Na indústria, rentabilidades fracas num período
relativamente curto para investimentos de décadas são considerados naturais,
especialmente em momentos de maior volatilidade do mercado. Mas o levantamento
mostra que a rentabilidade dos fundos num prazo mais longo tem um desempenho
ainda pior: Dos 587 fundos existentes há 48 meses, apenas 17 batem o CDI, ou
2,9 por cento do universo considerado.
Um dos poucos nichos da indústria de
investimentos financeiros que tem mantido captação positiva mesmo diante da
recessão do país, a previdência privada tem ganhado ainda mais apelo a reboque
das discussões do governo sobre mudanças na aposentadoria. Segundo a Fenaprevi,
que representa as instituições do setor, o número de participantes do sistema é
de pouco mais de 12 milhões de pessoas.
Segundo a Anbima, a captação líquida dos fundos
abertos de previdência somou 20,5 bilhões de reais no primeiro semestre. Isso
representa mais de metade da entrada líquida na indústria global de fundos de
investimentos no país, mesmo tendo um patrimônio que representa menos de um
quinto do total.
Os benefícios fiscais para planos como o PGBL, as
facilidades de portabilidade e as opções para divisão de patrimônio entre
herdeiros são vendidos por bancos como alguns dos principais atrativos para os
planos de previdência.
No entanto, fatores como as taxas de
administração elevadas cobradas pelos administradores e limitações regulatórias
para alocação de recursos, como os que proíbem investimentos em derivativos
financeiros, por exemplo, acabam prejudicando o desempenho dos produtos, disse
Leite.
"A regulamentação tem o intuito de proteger,
mas cria muitas amarras por tratar investidor de varejo e de previdência da
mesma forma", diz o executivo.
Além disso, a elevada concentração da maior massa dos
recursos dos fundos de previdência em poucas instituições, em geral ligadas a
grandes bancos, também cria pouco estímulo para maior desempenho dos gestores,
disse Leite.
Extra + Reuters