Dados oficiais mostraram que os preços ao consumidor medido pelo IPCA-15
aumentaram nas primeiras semanas de julho nada menos que 4,45%, bem acima da
estimativa mediana de 4,37% feita por analistas em uma pesquisa da agência
Bloomberg.
Com isso a inflação chegou no acumulado deste ano aos 2,82%, o que foi
interpretado como um reforço à possibilidade de as autoridades monetárias
manterem a Selic no patamar em que se encontra por mais tempo e até elevá-la
ainda neste ano.
Na verdade, mais que tudo os dados que chegam consolidam no mercado a
quase certeza de que a inflação tende a se elevar, ampliando o desconforto.
A
piora começou em abril, diante de um cenário mais difícil nos ativos globais e
das mudanças no ambiente doméstico, com a alteração da meta fiscal de 2025, o
abandono do “forward guidance” (projeção) pelo Banco Central, e a mudança no
comando da Petrobras.
A inflação “implícita”, grosso modo, é extraída da diferença entre os
juros futuros e os juros reais (as taxas das NTN-Bs, títulos atrelados à
inflação).
E, no momento, tem alcançado níveis bastante elevados em relação à
meta de inflação.
A inflação “implícita” de dois anos tem operado nos últimos
dias em torno de 4,85%, bem acima do teto da meta (4,5%).
As expectativas estão claramente mudando. Por exemplo, a mediana
das projeções dos economistas de mercado para o IPCA de 2025 deixou os 3,5% do
início do ano e, agora, está em 3,9%.
Com isso, está mais perto do teto da meta
(4,5%) do que do centro da banda (3%).
Enquanto a inflação de mercado de dois anos tem rodado em torno de 4,8%,
a NTNB para agosto de 2026 aponta um juro real de 6,65%.
E, mesmo em outros
vencimentos, com prazos mais longos, os juros reais têm operado bem acima do
nível psicológico de 6%.
INVEST NEWS