A decisão
de apostar em um ou outro imóvel, um desafio permanente para as carteiras de
investimentos imobiliários das Entidades Fechadas de Previdência Complementar,
ganha contornos ainda mais complexos em cenários turbulentos. O segmento de
imóveis comerciais, que tem permitido retornos interessantes nos últimos dois
anos apesar das condições desfavoráveis do mercado imobiliário brasileiro como
um todo, é um dos principais focos de atenção dos gestores.
Algumas
entidades, responsáveis por carteiras mais expressivas de ativos comerciais,
intensificam a criação e atualização de metodologias próprias de classificação.
Até porque a falta de padrões normatizados é um dos problemas que
historicamente afetam as decisões de alocação nesse mercado no Brasil.
Nesse
sentido a Previ está revendo este ano sua metodologia específica para
classificar edifícios comerciais, elaborada em 2005 e que passa por um
constante processo de aprimoramento. Ela é composta por grupos diversos de
atributos dos edifícios, entre os quais os elementos construtivos; sistema de
ar condicionado; vagas de estacionamento; elevadores; sistema
elétrico/geradores; automação predial; certificações ambientais e
amenidades/serviços. O objetivo, explica o diretor de Participações da
Previ, Renato Proença, é suprir a falta de uma metodologia normatizada e
de ampla aceitação nacional. “Havia, e ainda há, vários métodos utilizados por
consultorias imobiliárias, que estabelecem diversos critérios e atributos para
distinguir o padrão construtivo dos edifícios comerciais que estão na carteira
imobiliária da entidade”.
Cinco
anos depois de promover uma revisão, em 2012, que envolveu principalmente a
inclusão de novas tecnologias prediais (por exemplo, a chamada antecipada de
elevadores, entre outras), mas também as certificações ambientais,
características da planta e leiaute do pavimento, além de mudança na
nomenclatura (A+ => AAA), a Previ decidiu que era necessária uma nova
leitura este ano.
A revisão
de 2017 foi motivada, entre outros aspectos, pela defasagem de alguns atributos
que até então eram considerados como diferenciais, lembra Proença. Além disso,
era necessário promover um ajuste com base em pesquisa de outras metodologias
para obter maior comparabilidade aos ativos e simplificar o processo de
classificação ao dar foco nos atributos que são de fato mais representativos
para a carteira.
Avaliação
e precificação - A adoção dessa classificação, sublinha o diretor, tem sido uma
ferramenta importante para subsidiar as avaliações e precificações de
empreendimentos em que a Previ aloca seus recursos. Também é fundamental como
base para as negociações de locação dos ativos da carteira e de venda dos
ativos que são indicados para desinvestimento. A metodologia também tem
subsidiado os estudos técnicos e negociações relacionados às ofertas recebidas
pela Previ para a aquisição de empreendimentos. E é utilizada na precificação
do custo de reconstrução de imóveis, para a contratação de seguro.
Outro
aspecto importante, enfatiza Proença, “é que a metodologia auxilia na
identificação de oportunidades para aumentar a atratividade dos edifícios e
para formular as estratégias de inserção competitiva por meio da previsão de
investimentos para melhorias nos planos de negócios dos empreendimentos da
carteira”.
Crescimento
com cautela - O valor patrimonial da carteira total de investimentos
imobiliários da Previ fechou o ano de 2016 em R$ 10,36 bilhões. Desse total, R$
9,96 bilhões foram para o plano de benefícios 1, representando 6,34% dos
investimentos desse plano, além de R$ 400 milhões para o plano Previ Futuro, ou
4,27% dos investimentos do plano. “A carteira obteve resultados considerados
consistentes no ano e registrou crescimento nominal, o que é de grande
importância, pois assegura liquidez para pagar benefícios”, diz o diretor.
Atenta ao horizonte de longo prazo e sobretudo no que diz respeito ao
plano Previ Futuro, a política de investimentos da entidade ainda deixa espaço
para crescimento das alocações em imóveis, mas Proença lembra que as decisões
estratégicas são tomadas com muita cautela e seletividade. “Toda e qualquer
decisão acompanha os cenários previstos no Plano Estratégico para cada um dos
planos de benefícios”.
Diário da Previdência Complementar Fechada